Cada vez mais combatentes da organização jihadista Estado Islâmico estão desertando desiludidos com os massacres de muçulmanos, entre outras coisas, afirma um estudo publicado nesta segunda-feira (21).
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Ao menos 58 pessoas deixaram a organização e falaram publicamente sobre o tema desde janeiro de 2014, destaca um estudo do Centro de Pesquisas da Radicalização (ISCR) do King's College de Londres.
O estudo afirma que 17 desertaram em junho, julho e agosto, e que representam apenas "uma pequena fração" do número total, porque a maioria teme falar.
O ISCR pediu aos governos que facilitem o testemunho dos desertores e não os ameacem com detenção, porque eles podem servir para dissuadir muitos outros de se unirem à organização.
Os que falaram disseram que ficaram fartos de matar muçulmanos sunitas como eles, incluindo civis, e da incapacidade do Estado Islâmico de confrontar o regime sírio do presidente Bashar al-Assad.
"As vozes dos desertores são claras e firmes: 'o Estado Islâmico não está protegendo muçulmanos, está matando-os", afirma o documento.
"Os muçulmanos estão combatendo os muçulmanos. Assad está esquecido. A jihad está de cabeça para baixo", declarou um desertor alemão, identificado como Ebrahim B., que afirmava falar em nome de vinte jihadistas que viajaram à Síria e ficaram decepcionados.
Os líderes do Estado Islâmico consideram inimigos os outros grupos jihadistas, incluindo a organização satélite da Al-Qaeda, Jabhat al-Nusra, e travaram fortes batalhas contra eles.
Os desertores interrogados no documento são de 17 países, em muitos casos ocidentais.
Muitos que tentaram abandonar antes deles foram executados por espiões e traidores, explicaram seus antigos colegas.