O presidente da França, François Hollande, disse que seis caças franceses atacaram e destruíram um campo de treinamento do Estado Islâmico no leste da Síria. Nos Estados Unidos para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o líder francês falou brevemente aos jornalistas neste domingo, após os primeiros ataques terem sido anunciados mais cedo em Paris.
Hollande disse que o acampamento era uma ameaça à segurança francesa e foi destruído sem causar vítimas civis. Os ataques começaram depois da promessa do grupo planejar ataques a diversos países, incluindo a França, de acordo com o presidente.
Hollande disse que mais ataques "poderiam ocorrer nas próximas semanas se necessário". Os alvos foram identificados em sobrevoos anteriores de reconhecimento. O presidente da França agradeceu a coalizão liderada pelos Estados Unidos por fornecer informações.
COALIZÃO
O presidente russo, Vladimir Putin, propôs neste domingo (27) uma nova coalizão na Síria para combater o Estado Islâmico e salvar seu aliado, o presidente Bashar al-Assad, na véspera de uma reunião decisiva em Nova York com o seu colega americano Barack Obama. A Rússia conduz uma verdadeira ofensiva diplomática e militar no tocante à Síria, uma estratégia que o líder do Kremlin irá esclarecer na segunda-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas.
As iniciativas russas no Oriente Médio preocupam e irritam os Estados Unidos, cuja estratégia militar contra o grupo extremista sunita EI parece fracassar. Em uma entrevista à televisão americana CBS, transmitida neste domingo, mas gravada há vários dias, o presidente Putin anunciou que procura estabelecer com "os países da região (...) uma espécie de estrutura de coordenação" contra os jihadistas do EI na Síria e no Iraque.
"Gostaríamos de ter uma plataforma comum para uma ação coletiva contra os terroristas", defendeu. Putin, que intensificou suas ações na Síria nas últimas semanas, afirmou que "informaria pessoalmente" a Arábia Saudita e os governantes jordanianos da sua proposta, assim como os Estados Unidos. Washington lidera uma coalizão de sessenta países árabes sunitas e europeus que realiza há mais de um ano ataque contra redutos do EI na Síria e no Iraque. A França também acaba de completar seus primeiros bombardeios na Síria.
Presença russa na Síria
Por sua vez, a Rússia aumentou significativamente sua presença militar no noroeste da Síria, com a implantação de tropas e aviões em um dos redutos do regime, além de ter aumentado o fornecimento de armas ao seu aliado sírio. Putin acredita que a única maneira de encontrar uma saída para a crise na Síria é apoiar o seu presidente Bashar al-Assad. O chefe do Estado russo deve se explicar na segunda-feira na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde defenderá o seu plano para a Síria, em particular a criação de uma coalizão mais ampla, incluindo o exército de Damasco, contra o EI.
No mesmo dia, vai se reunir com o presidente Obama, no primeiro encontro formal desde o verão de 2013. As duas potências mantêm relações frias desde a crise na Ucrânia e a guerra na Síria, que fez mais de 240 mil mortos em quatro anos e meio. Para se preparar para esse encontro decisivo, os ministros das Relações Exteriores americano e russo, Sergei Lavrov e John Kerry, devem se encontrar ainda neste domingo em Nova York. Washington, que continua a exigir a saída do presidente sírio como parte de uma solução política, suavizou sua postura: John Kerry admitiu há uma semana que o calendário para a saída de Assad era negociável.
Mas a diplomacia americana voltou a denunciar "o ditador" Assad, afirmando que "além do fato de atingir seu próprio povo com barris de explosivo (...) não é de todo eficaz no combate ao EI", segundo a embaixadora na ONU, Samantha Power. Mas na CBS, o presidente russo não se privou de destacar o fracasso da estratégia americana, incluindo o fiasco do treinamento pelo Pentágono de rebeldes sírios moderados. "Apenas 60 destes combatentes foram devidamente treinados e apenas quatro ou cinco estão de fato armados, outros desertaram com as armas americanas para se juntar ao EI", criticou.
Aos olhos do chefe do Kremlin, há apenas "um único exército legítimo" na Síria, o do regime, o que efetivamente combate o EI. Além disso, o Iraque, que também luta contra os jihadistas do EI, vai reforçar a coordenação de inteligência com a Rússia, a Síria e o Irã, de acordo com um porta-voz do governo de Bagdá. Com a Rússia, o Irã xiita e o Iraque, dominado por xiitas, também apoiam o regime sírio do presidente Assad. Neste sentido, o presidente iraniano, Hassan Rohani, garantiu que está pronto para discutir com os Estados Unidos, a Rússia e os Europeus sobre um eventual plano de ação na Síria após a derrota do EI.