Conflito

Rússia volta a bombardear inimigos de Assad na Síria

Este é o segundo dia de ataques russos, depois dos lançados na quarta-feira

Da AFP
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Publicado em 01/10/2015 às 16:30
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Caças russos voltaram a bombardear nesta quinta-feira (1) supostos alvos jihadistas na Síria, enquanto grupos opositores ao regime de Bashar al-Assad asseguram ter sido vítimas desses ataques.

De acordo com o Exército russo, os ataques aéreos visaram cinco posições do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) nas províncias de Hama (centro) e Idleb (noroeste).

Este é o segundo dia de ataques russos, depois dos lançados na quarta-feira (30).

A Rússia, um dos principais aliados de Assad, anunciou a destruição de uma base terrorista, bem como de um depósito de armas, de um centro de comando e de uma fábrica de carros-bomba.

Segundo uma fonte da segurança síria, os ataques foram dirigidos contra o chamado Exército da Conquista, uma coalizão rebelde que inclui a Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) e que considera o EI como seu principal inimigo.

Contudo, um grupo rebelde treinado pelos Estados Unidos na província de Idleb afirmou que caças-bombardeiros russos atacaram nesta quinta um de seus campos de treinamento.

"Exatamente às 10h30 locais (04h30 de Brasília), aviões russos bombardearam o campo de treinamento de Suqur al-Jabal, e quatro caças lançaram mais de 10 mísseis", afirmou Mustafa Halabi, porta-voz do Suqur al-Jabal.

Outros dois aviões russos atacaram a base ao meio-dia, mas nenhum rebelde ficou ferido.

Os rebeldes deste grupo receberam treinamento e equipamentos como parte de um programa americano de 500 milhões de dólares para criar uma força que combata o grupo jihadista Estado Islâmico na Síria.

Segundo analistas, Moscou tenta diminuir a pressão rebelde sobre os territórios controlados pelo regime no oeste e no centro do país.

O conflito sírio, iniciado em 2011 com um levante popular e pacífico contra o regime de Assad, se transformou em uma complexa guerra civil, na qual também participam grupos jihadistas vindos do exterior.

A Rússia nega que seus ataques tenham o objetivo de ajudar Assad, visando grupos rebeldes moderados. Mas o senador americano John McCain garantiu que os aviões russos atacam grupos "financiados e treinados pela CIA" para lutar contra o EI.

 

 

EUA não vão mudar estratégia na Síria

Por sua vez, os Estados Unidos, que lideram há mais de um ano uma coalizão internacional de combate ao EI, garantiu nesta quinta-feira que não reduziram seus ataques no país, apesar do envolvimento da Rússia no conflito.

"Não alteramos as operações na Síria para levar em conta novos atores no campo de batalha", indicou a jornalistas através de uma videoconferência o coronel Steve Warren, porta-voz do Exército americano em Bagdá.

Washington também lamentou o fato de a Rússia ter alertado apenas poucas horas antes sobre os seus bombardeios.

Neste contexto, as autoridades militares russas e americanas decidiram se reunir nesta quinta para discutir os ataques e evitar qualquer tipo de incidente entre suas forças armadas na Síria.

A decisão da Rússia de intervir na Síria foi aprovada de forma unânime na quarta-feira pelo Senado em Moscou, apesar das dúvidas sobre a natureza da missão.

 


Possíveis ataques no Iraque

Segundo o chanceler russo Sergei Lavrov, os bombardeios russos na Síria têm como alvos, assim como a coalizão, o grupo "Estado Islâmico, (a Frente) Al-Nosra e outros grupos terroristas".

"Nós estamos na mesma direção que a coalizão neste ponto (...) Temos a mesma abordagem" no que se refere aos alvos, declarou em uma coletiva de imprensa.

"Não planejamos ampliar nossos ataques aéreos ao Iraque", garantiu, referindo-se à possibilidade de seu país lançar operações similares no país vizinho, onde o EI também controla vastos territórios.

Contudo, de acordo com um funcionário de alto escalão do ministério russo das Relações Exteriores, "se recebermos um pedido deste tipo do governo iraquiano ou se houver uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (...) estudaremos a pertinência política e militar" de realizar bombardeios no Iraque.

Neste sentido, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou ao canal de televisão francês France 24, que seu país estudará qualquer proposta da Rússia para bombardear o grupo Estado Islâmico em território iraquiano.

Na ONU, a Rússia distribuiu aos outros 14 membros do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução antiterrorista que incluiria o governo sírio em uma ampla coalizão contra o EI e a Frente Al-Nosra.

O texto "pede a todos os países que participem como puderem nestes esforços e coordenem suas atividades, com o consentimento dos Estados cujos territórios são ameaçados por tais atividades", em referência aos governos de Síria e Iraque.

Na prática, as Forças Armadas da Rússia já enviaram à Síria mais de 50 aviões e helicópteros, tropas de infantaria, marinha, paraquedistas e forças especiais, segundo informou o ministério russo da Defesa.

Esta é a primeira vez que o governo confirma oficialmente a dimensão do deslocamento militar na Síria, no porto de Tartus, onde a Rússia dispõe de instalações logísticas, e no aeroporto de Latakia, onde construiu nas últimas semanas uma base militar.

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