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Encontro com papa não é endosso a tabeliã antigay dos EUA, diz Vaticano

Desde o início de seu papado, Francisco reiterou várias vezes a posição tradicional da Igreja sobre o matrimônio

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Publicado em 02/10/2015 às 10:26
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Desde o início de seu papado, Francisco reiterou várias vezes a posição tradicional da Igreja sobre o matrimônio - FOTO: Foto: AFP
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O Vaticano disse nesta sexta-feira (2) que o encontro do papa Francisco com Kim Davis, a tabeliã do Estado norte-americano do Kentucky que havia sido presa por se recusar a emitir licenças matrimoniais para casais gays devido à sua crença católica, não deve ser "considerado uma forma de apoio" incondicional a suas posições.

Buscando atenuar a polêmica em torno do encontro em Washington, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse em comunicado que Davis foi uma das "dezenas de pessoas" convidadas pelo núncio apostólico (embaixador) nos EUA para ver Francisco.

"O papa não entrou em detalhes da situação da sra. Davis e seu encontro com ela não deve ser considerado uma forma de apoio a sua posição em todos os seus aspectos complexos e particulares", afirmou Lombardi.

A controvérsia surgiu na terça-feira (29), quando o advogado de Davis, Mat Staver, disse à emissora CBS que Francisco e a tabeliã haviam se encontrado secretamente na Embaixada do Vaticano em Washington.

Inicialmente, a Santa Sé relutou em confirmar e comentar o episódio, que descontentou católicos liberais e provocou desgastes à imagem aberta e receptiva de Francisco.

Davis, quem passou cinco dias na prisão por se recusar a cumprir a recente decisão da Suprema Corte dos EUA que autoriza o casamento gay em todo o país, dissera à emissora ABC que, durante o encontro, Francisco a havia dito para "manter-se firme".

"Saber que o papa está alinhado com o que estamos fazendo e que concorda [conosco], você sabe, isso de certa forma valida tudo."

O comunicado lançado pelo Vaticano nesta sexta deixa claro que não houve esse apoio.

Nesta segunda-feira (28), antes da polêmica sobre o encontro com a tabeliã, Francisco havia dito que funcionários públicos têm o "direito humano" de se recusar a realizar alguns trabalhos, como emitir licenças de casamento para homossexuais, caso isso viole sua consciência.

Desde o início de seu papado, Francisco reiterou várias vezes a posição tradicional da Igreja sobre o matrimônio, rejeitando a união entre pessoas do mesmo sexo.

Em 2013, quando comentou sobre um monsenhor do Vaticano que teria tido um amante homem em seu passado, o papa Francisco deu uma resposta que ficaria famosa: "Quem sou eu para julgar?". Muitos interpretaram o comentário como uma nova e ampla abertura da Igreja em relação aos gays.

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