Diplomacia

Hollande, Putin, Merkel e Poroshenko discutem a paz na Ucrânia

O conflito ucraniano levou a Rússia ao isolamento, acusada de enviar tropas e armas para apoiar os rebeldes de Donbass

Da AFP
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Publicado em 02/10/2015 às 19:30
Foto: FEDERICO GAMBARINI  DPA  AFP
O conflito ucraniano levou a Rússia ao isolamento, acusada de enviar tropas e armas para apoiar os rebeldes de Donbass - FOTO: Foto: FEDERICO GAMBARINI DPA AFP
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Os líderes francês, russo, alemã e ucraniano se reuniram nesta sexta-feira (2) em Paris para promover a paz na Ucrânia, com uma possível retirada, nos próximos meses, das sanções que atingem a economia da Rússia.

Contudo, o presidente ucraniano Petro Poroshenko garantiu que a Rússia ainda "tem muito trabalho a fazer" antes da retirada das sanções.

Ele explicou que "as sanções são um instrumento de pressão sobre a Rússia para assegurar o respeito de seus compromissos".

Antes do início das discussões, realizadas no contexto do conflito sírio, o presidente francês, François Hollande, recebeu seus colegas com um aperto de mão cordial com Vladimir Putin e abraços em Angela Merkel e Petro Poroshenko.

"Garanto que não vamos passar a noite", disse Hollande ao líder ucraniano no início de um encontro bilateral, referindo-se à primeira reunião em Minsk, em fevereiro, quando as negociações duraram 17 horas.

Antes dos trabalhos formais, um café reuniu sob o sol os quatro líderes com seus assessores no terraço do Palácio do Eliseu, de acordo com a comitiva do presidente francês.

Desde o primeiro encontro em 6 de junho de 2014, na Normandia (França), para tentar resolver uma crise que desencadeou as piores tensões entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria, os quatro líderes voltaram a se encontrar em duas outras ocasiões neste formato.

Para a Ucrânia, "o tempo é curto. É preciso trabalhar ao mais alto nível, criar um clima, para tentar remover os obstáculos" para a aplicação prática dos acordos de Minsk 2 até o final dezembro, explicou antes da reunião uma fonte diplomática francesa.

Os acordos, concluídos entre os mesmos protagonistas em 12 de fevereiro na capital bielorrussa, visavam acabar com o conflito entre rebeldes pró-russos e o exército ucraniano, que deixou mais de 8.000 mortos no leste da Ucrânia desde abril de 2014.

O conflito ucraniano levou a Rússia ao isolamento, acusada de enviar tropas e armas para apoiar os rebeldes de Donbass.

"Muito tem sido feito desde (Minsk). O mais importante, mas também o mais frágil, foi o cessar-fogo", enfatizou uma fonte francesa. "O ponto final dos acordos de Minsk é a normalização na Ucrânia, ou seja, a retirada das forças estacionadas no país e a segurança da fronteira russo-ucraniana", acrescentou a mesma fonte.

Esta normalização também envolve eleições locais, que permitiriam reintegrar o Donbass separatista ao resto da Ucrânia, e através da concessão de maior autonomia para a região, em conformidade com a Constituição ucraniana.

Os ucranianos exigem a anulação das eleições organizadas pelos separatistas para 18 de outubro em Donetsk e 1º de novembro em Lugansk, bem como a libertação de todos os prisioneiros, incluindo a piloto Nadia Savtchenko.

Neste sentido, Hollande garantiu que as eleições locais no leste da Ucrânia serão organizadas depois de 2015.

As eleições locais vão ocorrer "depois do calendário de 2015" para permitir "uma eleição incontestável", afirmou em coletiva de imprensa conjunta com a chanceler alemã Angela Merkel, que ressaltou que as eleições devem acontecer "de acordo com a lei ucraniana".

Poroshenko também destacou que caso as eleições separatistas não forem anuladas, "as sanções contra a Rússia serão reforçadas".

Ele também afirmou que a "guerra acabará quando o último pedaço de terra ucraniano for libertado. Enquanto tivermos territórios ocupados, a guerra não acabará".

Os europeus devem decidir em dezembro se mantém esta política de sanções.

Esta questão foi discutida em uma conversa telefônica por Hollande, Poroshenko e Merkel, segundo informou uma autoridade ucraniana.

O vice-chanceler alemão, o social-democrata Sigmar Gabriel, defendeu nesta sexta-feira que é preciso estender as mãos aos russos e retirar progressivamente as sanções, uma vez que o Ocidente precisa do Kremlin em outras crises.

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