SAÚDE

Fiocruz trabalha com compostos criados por ganhador de Nobel de Medicina

Em pesquisas, Recife e Olinda são apontadas como áreas onde a filariose é mais encontrada

Da Agência Brasil
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Publicado em 07/10/2015 às 9:08
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Em pesquisas, Recife e Olinda são apontadas como áreas onde a filariose é mais encontrada - FOTO: Foto: AFP
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolve pesquisas com mostras de compostos que foram produzidos a partir dos estudos de um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina 2015, Satoshi Omura. Em 2011, foi assinado um acordo de colaboração entre o Instituto/Universidade Kitasato (KI), do Japão, e o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). Os estudos estão sendo feitos na unidade da fundação em Belo Horizonte.

Segundo o diretor do CDTS, Carlos Morel, que desenvolveu com Omura um trabalho científico relacionado à oncocercose, conhecida como cegueira dos rios, foram recebidas 400 amostras de compostos, todas da família de drogas desenvolvidas pelas equipes no Japão, como a avermectina. Com isso, é possível verificar a eficácia delas contra outros tipos de doenças que são encontradas no Brasil. “Com essa droga se dá uma cápsula por ano e se acaba com todos os parasitos”, informou.

Para o integrante da Academia Brasileira de Ciências e ex-presidente da Fiocruz, se existe uma droga modelo e outras relacionadas, é provável que elas possam ter também alguma ação contra doenças parecidas como, por exemplo, a malária, doença de Chagas e esquistossomose. “Quando se tem uma série de doenças sem remédio algum, é preciso buscar solução em áreas em que se pode ter sucesso e a escolha do grupo do Omura, no Japão, foi justamente pelo sucesso que teve no tratamento da cegueira do rio e da filariose”, afirmou.

Na opinião do diretor, o Prêmio Nobel da Medicina de 2015, concedido aos pesquisadores William C. Campbell, do Canadá, e Satoshi Omura pela descoberta de drogas usadas no combate a verminoses como a oncocercose e a filariose, é um reconhecimento dos resultados relevantes contra essas duas doenças, especialmente em países mais pobres da África.

Morel contou que, no Brasil, a filariose, também conhecida como elefantíase, era mais encontrada na região do Recife e de Olinda, em Pernambuco, além de Alagoas e um pouco em Belém, mas que o número de infectados está caindo. “As pessoas ficam com pernas imensas, pesadíssimas e praticamente incapacitadas. Essa droga pode também tratar essas pessoas de maneira eficiente e barata. Foi um prêmio [Nobel] que reconheceu a importância da descoberta e levou novas drogas para doenças que antes não tinham nenhum tratamento e eram chamadas negligenciadas, porque as companhias farmacêuticas não se interessavam por isso”.

 

Malária

De acordo com o diretor do CDTS, a descoberta da chinesa Youyou Tu, outra premiada com o Nobel de Medicina de 2015, por suas pesquisas sobre novas terapias contra a malária, representou uma mudança no tratamento da doença. “Hoje em dia, a malária é tratada com a combinação de medicamentos e um deles é a artemisinina, que é a descoberta da chinesa”, disse.

O pesquisador da Fiocruz contou que atualmente todo o tratamento de malária é feito com duas ou três drogas, sendo que uma delas sempre é a artemisinina porque é a mais poderosa. “Com isso, puderam ser tratadas milhões de pessoas na África que antes não tinham tratamento nenhum ou eram assistidas com drogas que já estavam sem efeito por causa da resistência aos medicamentos”, acrescentou.

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