Terror

Governo turco considera EI como principal suspeito de atentado em Ancara

No duplo atentado suicida de sábado, além de quase 100 vítimas mortais, mais de 500 pessoas ficaram feridas, 65 das quais seguem hospitalizadas em unidades de tratamento intensivo

Da AFP
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Publicado em 12/10/2015 às 11:03
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No duplo atentado suicida de sábado, além de quase 100 vítimas mortais, mais de 500 pessoas ficaram feridas, 65 das quais seguem hospitalizadas em unidades de tratamento intensivo - FOTO: Foto: HO/AFP
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O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, afirmou nesta segunda-feira que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) é o principal suspeito do sangrento atentado de sábado em Ancara, que provocou a morte de ao menos 97 pessoas.

Em sua primeira entrevista desde o atentado na capital - o pior da história da Turquia - Davutoglu confirmou que, apesar deste massacre, as eleições legislativas serão realizadas no dia 1º de novembro, como estava previsto. "Diante da forma como este ataque foi realizado, consideramos as investigações sobre o Daesh (acrônimo em árabe do EI) nossa prioridade", afirmou Davutoglu em uma entrevista ao canal de notícias turco NTV.

No duplo atentado suicida de sábado, além de quase 100 vítimas mortais, mais de 500 pessoas ficaram feridas, 65 das quais seguem hospitalizadas em unidades de tratamento intensivo. "Temos o nome de uma pessoa que nos leva a uma organização", disse o primeiro-ministro sem fornecer mais detalhes sobre a investigação.

Na manhã de sábado foram registradas duas fortes explosões nos arredores da estação central da capital turca, onde milhares de militantes provenientes de todo o país, convocados por sindicatos, partidos de esquerda e ONGs, se preparavam para se manifestar a favor da paz. Davutoglu confirmou que as explosões foram provocadas por suicidas.

Embora tenha apontado principalmente para o Estado Islâmico, Davutoglu não descartou a pista de um ataque dos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou do Partido/Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C), de extrema-esquerda, classificados por ele de potenciais suspeitos.

"É muito cedo para ser definitivo", insistiu o primeiro-ministro. O atentado de Ancara reavivou a indignação contra o presidente islamita-conservador Recep Tayyip Erdogan e seu governo, acusados pelo principal partido pró-curdo do país de não ter garantido a segurança da manifestação.

Também foram acusados de reativar o conflito curdo visando as eleições legislativas antecipadas de 1º de novembro. "Independentemente das circunstâncias, as eleições serão realizadas", disse Davutoglu.

Visita de Merkel

O sangrento atentado de sábado foi condenado pela grande maioria dos líderes do planeta, que expressaram seu apoio a Ancara. No entanto, a comunidade internacional assiste com inquietação à crescente instabilidade política e social na Turquia, país membro da Otan e vizinho da complicada Síria.

Neste contexto, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou nesta segunda-feira que viajará no próximo domingo à Turquia, em uma visita centrada na guerra na Síria, na crise dos refugiados e na "luta contra o terrorismo", após o atentado de sábado de Ancara.

As conversas com o presidente Recep Tayyip Erdogan e com o primeiro-ministro, Ahmed Davutoglu, "versarão sobretudo na luta comum contra o terrorismo, na situação na Síria e na gestão da crise de refugiados, assim como em temas bilaterais", disse o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert.

Por outro lado, segundo informações publicadas pela imprensa, os investigadores estão convencidos de que os artefatos que explodiram em Ancara são do mesmo tipo que os utilizados em 20 de julho passado, quando 33 militantes da causa curda morreram em Suruç, perto da fronteira síria, em um atentado atribuído ao EI, embora nunca tenha sido reivindicado.

No domingo, a polícia turca deteve 43 supostos membros do EI em várias cidades do país. A escalada de violência na Turquia arruinou as negociações de paz realizadas por Ancara com os rebeldes curdos, para tentar colocar fim a um conflito que desde 1984 deixou 40.000 mortos. O PKK anunciou, no entanto, após o atentado de Ancara a suspensão de sua atividade armada antes das eleições, salvo se seus "militantes e combatentes forem atacados".

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