Uma dúzia de cardeais conservadores criticaram publicamente a metodologia do Sínodo dos Bispos, realizado atualmente no Vaticano e convocado pelo papa Francisco para discutir os desafios da família moderna, e pediram a introdução da votação de propostas.
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Em uma carta enviada ao Papa e publicada nesta segunda-feira (12) pelo jornalista italiano Sandro Magister, os cardeais temem que tudo já esteja decidido e que as discussões estejam sendo manipuladas.
"A ausência de propostas e das discussões e votações correspondentes parece desencorajar um debate aberto e limitar as discussões aos 'circoli minori'; consequentemente, nos parece urgente que seja restabelecida a redação de propostas que deverão ser votadas por todo o Sínodo", afirmam os cardeais no documento.
Entre os signatários figuram os cardeais Carlo Caffarra, arcebispo de Bolonha (Itália), o húngaro Peter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapest (Hungria), o australiano George Pell, prefeito da Secretaria de Economia, o alemão Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e Robert Sarah, da Guiné, prefeito da Congregação para o Culto Divino.
Na carta, escrita em inglês e entregue ao Papa durante a abertura do Sínodo, em 5 de outubro de 2015, os cardeais, todos conhecidos por suas posições conservadoras, temem que a assembleia, na qual participam 400 bispos e cardeais de todo o mundo, se concentre na questão de autorizar a comunhão para os divorciados que voltam a se casar no âmbito civil.
Os cardeais também lamentam que Francisco tenha nomeado um grupo de prelados próximos a ele para redigir o documento final e que eles tenham sido "nomeados, e não eleitos", uma prerrogativa do Papa, que tem a última palavra.
Vários cardeais, entre eles o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, e o francês André Vingt-Trois, arcebispo de Paris, negaram ter assinado a carta. Há alguns dias, o Papa, que preside as reuniões, respondeu indiretamente aos cardeais convidando-os a não se deixarem arrastar pela "hermenêutica conspirativa".
Ao abrir os debates, no dia 4 de outubro, Francisco esclareceu que a assembleia, que será encerrada no dia 25 de outubro, não será convocada a debater sobre uma mudança de doutrina da Igreja e defendeu a indissolubilidade do casamento, condenou o divórcio e reiterou que a família é composta por um homem e uma mulher.
Francisco também reconheceu que diante de um contexto social e moral tão difícil, como o atual, a Igreja "não deve esquecer sua missão de boa samaritana da humanidade ferida".