A violência entre palestinos e israelenses alcançou um novo patamar nesta terça-feira (13) com a morte de três israelenses em dois atentados em Jerusalém, durante o dia mais mortal de uma escalada que parece não poder ser interrompida.
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Pela primeira vez, palestinos abriram fogo em um ônibus de Jerusalém, fazendo dois mortos em um atentado, numa cidade que já está no limite, que fará relembrar as Intifadas de 1987 e 2000, quando os transportes públicos eram os alvos privilegiados.
A tensão é latente na Cisjordânia ocupada, onde os palestinos foram chamados "a um dia de cólera" e onde novos confrontos opuseram centenas de jovens armados com pedras e soldados israelenses em Bet El, perto de Ramallah, Qalandiya e Belém.
Na Faixa de Gaza, cerca de mil jovens lançaram pedras e artefatos incendiários contra a passagem de Erez, espécie de fortaleza israelense no muro de segurança que fecha o território palestino. Nove jovens palestinos foram mortos por israelenses na sexta-feira e sábado em confrontos similares.
Ao menos 15 palestinos ficaram feridos nesta terça-feira por tiros israelenses, segundo fontes palestinas.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se reuniu em caráter de emergência no início desta tarde. O governo poderia decidir fechar os bairros palestinos de Jerusalém Oriental, segundo a porta-voz da polícia, Luba Samri.
Fórmula mágica
As autoridades israelenses e palestinas são incapazes de parar um movimento de jovens que parece fora de controle e que a cada morte palestina parece se fortalecer. Uma juventude que nascida tendo apenas como horizonte o muro de separação que aprisiona a Cisjordânia, exposta às humilhações da ocupação e colonização, expressa um ressentimento alimentado pelas redes sociais.
"Não existe uma fórmula mágica. As duas intifadas anteriores levou dias, semanas e até anos. Espero que desta vez seja mais rápido", confessou o ministro israelense da Energia, Yuval Steinitz, aliado próximo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Por sua vez, a liderança palestina anunciou que irá entrar com ações na justiça internacional contra as forças israelenses pelas mortes de supostos autores de atentados, que seriam "execuções extrajudiciais".
Pelo menos um dos três autores dos atentados desta terça-feira foi morto, enquanto dois outros foram feridos, indicou à AFP o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld. Todos eles, com cerca de 20 anos, são do bairro de Jabal Mukaber, em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel, segundo a polícia.
Na parte da manhã dois palestinos, um deles armado com uma pistola, e o outro com duas facas, invadiram um ônibus no bairro judeu de Armon Hanatziv, em Jerusalém Oriental, segundo Rosenfeld, que relatou dois mortos, incluindo um homem de 60 anos de idade. Três outros passageiros também ficaram feridos. Um dos autores foi morto, o segundo foi ferido pela polícia.
Trinta tiros
"Eu ouvi vinte ou trinta tiros entre a polícia e os terroristas", testemunhou um habitante local.
Minutos depois, um palestino dirigiu seu carro contra pedestres que estavam em um ponto de ônibus em um bairro ultra-ortodoxo de Jerusalém Ocidental, matando uma pessoa e ferindo levemente uma outra.
Ele então saiu do seu carro e apunhalou outros transeuntes, antes de ser baleado e ferido, de acordo com a polícia.
Um total de dez pessoas ficaram feridas nos dois ataques, de acordo com os serviços de resgate.
No início da manhã, um palestino feriu quatro pessoas, uma delas gravemente, em Ra'anana, ao norte de Tel Aviv, em um ataque com faca. O agressor foi detido pela polícia.
A violência que abala a Cisjordânia e Jerusalém há meses e que se amplificou com a morte de dois colonos na Cisjordânia em 1º de outubro, já matou sete israelenses e mais de 25 palestinos.
Agitação tomou a comunidade de árabes israelenses (17,5% da população), esses descendentes de palestinos que permaneceram em Israel depois de 1948 e que são cidadãos israelenses e amplamente solidários aos Territórios Palestinos.
Eles foram chamados para uma greve geral nesta terça-feira em um clima de crescente desconfiança entre as diferentes comunidades.