OPERAÇÃO

Ofensiva do regime sírio em Damasco; EUA e Rússia negociam para evitar incidentes

Estados Unidos e a Rússia se preparam para manter contatos e evitar incidentes entre seus aviões em céu sírio

Da AFP
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Publicado em 14/10/2015 às 12:56
Foto: ECPAD / EMA / ARMEE DE L'AIR / AFP
Estados Unidos e a Rússia se preparam para manter contatos e evitar incidentes entre seus aviões em céu sírio - FOTO: Foto: ECPAD / EMA / ARMEE DE L'AIR / AFP
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As forças do regime sírio lançaram nesta quarta-feira (14) uma grande operação para tirar os rebeldes de Damasco e de seus arredores, enquanto os Estados Unidos e a Rússia se preparam para manter contatos e evitar incidentes entre seus aviões em céu sírio.

O espaço aéreo sírio está cada vez mais congestionado com as intervenções da aviação do governo, da coalizão internacional antijihadista liberada pelos Estados Unidos e agora dos aviões russos.

O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, disse que o objetivo das conversas por videoconferência é garantir que Moscou aceite "procedimentos básicos de segurança" na Síria.

"Embora tenhamos divergências sobre a política a respeito da Síria, devemos ser capazes ao menos de entrar em acordo para garantir que nossos pilotos estejam seguros", disse Carter em Boston.

O medo é que ocorra um incidente e, de fato, no sábado "aviões russos se encontraram a uma distância visual de aviões da coalizão" liderada por Washington, indicou o coronel Steve Warren, porta-voz do Pentágono.

Nesta quarta-feira, o exército russo explicou que um de seus caças ficou neste dia a menos de 3 km de um caça americano.

Em um comunicado enviado à AFP, o ministério russo da Defesa disse que um caça SU-30SM detectou em seu radar uma aeronave não identificada, e "se aproximou a uma distância de 2 ou 3 km para identificá-la", sem "o objetivo de intimidar quem quer que fosse".

Depois que a aeronave foi identificada como sendo um avião militar americano, "o caça russo voltou ao seu grupo para prosseguir sua tarefa", ou seja, bombardear um alvo do grupo jihadista Estado Islâmico na província de Aleppo (norte).

Moscou insiste que seu alvo é o EI, e nesta quarta-feira indicou que seus aviões atingiram 40 alvos da organização em cinco províncias sírias nas últimas 24 horas.

Mas Washington e seus aliados, que bombardeiam este grupo na Síria e no Iraque, acusam os russos de estar atacando sobretudo outras organizações rebeldes, apoiadas pelo Ocidente, com o objetivo de fortalecer a posição de seu aliado, o presidente Bashar al-Assad.

Apesar dos contatos entre comandos militares para evitar acidentes, a Rússia disse que os Estados Unidos se negaram a acolher em Washington uma delegação sua de alto nível e enviar uma equipe a Moscou para realizar conversas mais amplas sobre o conflito sírio.

Ofensiva do regime na capital

Em terra, o exército sírio avançava nesta quarta-feira em Jobar, um bairro do leste de Damasco, graças a intensos bombardeios contra os rebeldes que cercam grande parte da capital, indicou à AFP uma fonte militar síria.

As forças sírias realizaram na zona "operações limitadas, mas precisas e eficazes, contra os centros e as linhas de defesa que os grupos armados utilizam para vigiar o resto da capital", explicou a fonte.

O bairro é estratégico, porque do lado oeste se encontra junto à praça dos Abássidas, que dá acesso ao centro de Damasco. Pelo outro lado o mesmo bairro faz fronteira com a Ghuta Oriental, uma região agrícola a leste de Damasco onde a maioria das localidades estão em mãos rebeldes.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), a aviação realizou ao menos oito ataques em Khobar, e também ocorreram combates em terra.

Também ocorreram bombardeios aéreos e da artilharia contra várias localidades rebeldes ao redor de Damasco. Duas crianças morreram em Duma, a nordeste da capital, segundo o OSDH.

EI avança ao norte de Aleppo

No outro front, ao norte de Aleppo, os jihadistas do Estado Islâmico avançaram a duas localidades, Ahras e Tal Khabin. Bloquearam uma estrada vital para o abastecimento de outros rebeldes da zona, e que conecta a antiga capital econômica do país com a fronteira turca.

Segundo o OSDH, na batalha 13 membros do EI e sete integrantes de outros grupos rebeldes morreram.

Por sua vez, a Turquia convocou os embaixadores de Estados Unidos e Rússia para adverti-los contra qualquer apoio aos combatentes curdo-sírios.

A Turquia considera o Partido da União Democrática (PYD, curdo-sírio) como o irmão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em rebelião armada contra Ancara desde 1984.

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