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Negociadores de um histórico acordo de luta contra as mudanças climáticas voltam nesta terça-feira (20) à mesa com um novo texto, após os protestos da véspera de mais de 130 países em desenvolvimento que se consideravam ignorados.
O projeto de acordo, que deve ser apresentado na grande conferência sobre o clima (COP21) de Paris em dezembro, aumentou de 20 a 34 páginas para refletir as demandas em matéria de financiamento e compromissos levantadas pelos países do Sul na segunda-feira.
O novo texto, publicado na internet pela agência da ONU para o clima na madrugada desta terça-feira (20), deve ser a base para fechar a negociação até sexta-feira (23).
"Houve um progresso substancial para corrigir desiquilíbrios no texto", observou a porta-voz do chamado G77, que agrupa os países em desenvolvimento e a China, a sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko.
O objetivo da COP21 é limitar o aumento da temperatura do planeta a um máximo de 2ºC mediante um corte das emissões de gases, estabelecer as bases para abandonar progressivamente as energias de origem fóssil até 2050, financiar a ajuda aos países em desenvolvimento e estabelecer controles mútuos.
O G77 afirmou que o texto consensual por Estados Unidos e Argélia, que copresidem a reunião em Bonn, era extremamente desequilibrado e não refletia seus interesses.
O dia de segunda-feira (19) serviu basicamente para voltar a inflar o texto, com a esperança de que não provoque uma paralisia das negociações.
Na abertura em Bonn, sede da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), muitos países em desenvolvimento criticaram o novo texto que serve de base para as discussões, reafirmando sua confiança no processo e nos dois co-presidentes das discussões.
"Não temos plano B porque não temos planeta B", afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em Bratislava.
O presidente francês François Hollande, por sua vez, garantiu que haverá um acordo em Paris, mas que sua amplitude ainda não está clara.
"Podemos sentir um certo nervosismo", no início da última rodada, reagiu uma das representantes da UE, Sarah Blau.
Dado o ritmo lento das negociações, os dois copresidentes foram mandados no início de setembro pelos países para propor um texto mais claro e conciso, reduzido de 80 para 20 páginas.
Laurence Tubiana, a negociadora francesa, reconheceu nesta segunda-feira em sessão plenária que faltava "ambição em todos os pontos" do texto. No entanto, ressaltou que "estamos aqui para corrigir os pontos fracos".
O primeiro dia terminou após uma longa análise, linha por linha, do acordo, constatou a AFP. Os negociadores têm até sexta-feira para fechar o rascunho, que deve ser assinado pelos ministros em Paris.
Nesta fase, 150 Estados apresentaram à ONU sua "contribuição" para reduzir as emissões no período de 2025-2030 em vista da conferência de Paris, programada para acontecer de 30 de novembro a 11 de dezembro.
A última tentativa da comunidade internacional para alcançar um acordo tão ambicioso terminou com um grande fracasso, em Copenhague em 2009.