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O atual presidente Alassane Ouattara é o grande favorito nas eleições de domingo na Costa do Marfim, onde espera vencer no primeiro turno uma disputa criticada pela oposição e que as autoridades temem que registra uma alta abstenção de eleitores.
A realização de uma eleição pacífica é considerada fundamental para deixar para trás o período violento posterior à vitória eleitoral de Ouattara em 2010 sobre seu antecessor, Laurent Gbagbo, no país que é o maior produtor mundial de cacau.
"No mandato de cinco anos que está por vir iremos reforçar nossas instituições para consolidar a paz e a convivência", prometeu durante a campanha eleitoral Alassane Ouattara, de 73 anos e ex-alto funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Seu principal rival será Pascal Affi N'Guessan, presidente da Frente Popular Marfinense (FPI), fundada por Gbagbo, atualmente detido e à espera de julgamento ante a Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia.
Em 2010, a negativa de Gbagbo em aceitar sua derrota mergulhou o país em cinco semanas de violência, que deixaram 3 mil mortos.
Ouattara, à frente de uma coalizão formada por seu partido, a União dos Republicanos (RDR), e o Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI), um bom equilíbrio econômico e se apoia em uma máquina eleitoral impressionante.
O atual presidente não deixa de destacar as conquistas de seu mandato, simbolizadas na construção da terceira ponte sobre a lagoa de Abdjan.
Porém, como lembra Alphonse Soro, deputado e dirigente das juventudes do RDR, "nosso adversário se chama taxa de abstenção". "Como convencer as pessoas a irem votar, esse é o problema", enfatiza.
Ouattara deve ganhar as eleições "com um número importante de eleitores, porque assim será vista a legitimidade de um presidente incontestável", destaca o ministro da Função Pública Cissé Ibrahim Bacongo, que também é um biógrafo do presidente.
Prisão de opositores
Os detratores de Ouattara denunciam que a comissão eleitoral está às ordens do presidente, e pedem sua dissolução. Dois candidatos, o ex-ministro das Relações Exteriores Amara Essy e o ex-presidente do Parlamento Mamadou Koulibaly, deixaram seus cargos políticos "para não serem cúmplices de uma farsa", segundo o primeiro.
A Anistia Internacional pediu ao país que ponha fim às detenções arbitrárias de opositores (...) agora que se aproximam as eleições presidenciais".
"As detenções recorrentes e arbitrárias de opositores políticos criam um clima de medo, que põe em perigo o exercício da liberdade de expressão", segundo a Anistia.
Para evitar as impugnações, será empregado um dispositivo de "autentificação biométrica de cada eleitor".
Além disso, e para que não haja denúncias de mais votos que votantes, os resultados serão transmitidos eletronicamente dos colégio eleitorais à comissão eleitoral, em Abdjan.
Cerca de 34 mil soldados, dentre eles 6 mil capacetes azuis da ONU, velará pela segurança em todo país. Também está sendo empregada uma campanha que pede aos 23 milhões de marfinenses que respeitem o resultado das eleições.