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O homem que matou duas pessoas em uma escola da Suécia, país na linha de frente na acolhida de migrantes, estava encorajado, segundo a polícia, por seu ódio aos estrangeiros, em um contexto de crescente hostilidade na Europa em relação aos refugiados.
Os partidos anti-imigração avançam em vários países europeus, os ataques contra os refugiados que chegam ao continente se multiplicam e os discursos se radicalizam cada vez mais.
A polícia alemã frustrou projetos de ataques contra centros de acolhida de solicitantes de asilo, enquanto na Suécia foram registrados durante o ano 15 incêndios em centros deste tipo, a maioria deles de origem criminosa.
O caráter racista do assassinato na quinta-feira (22), com uma espada, de duas pessoas de origem estrangeira na escola de Trollhattan, cidade a sudoeste da Suécia, aparece pela seleção das vítimas em função de sua origem. Esta escola acolhia majoritariamente crianças imigrantes.
Vestido de preto, utilizando uma máscara de "Guerra nas Estrelas" e um capacete parecido com o utilizado pelo exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, o jovem agressor "escolheu suas vítimas em função de sua origem étnica", disse um oficial da polícia, Nikças Hallgren, à televisão pública SVT.
Identificado pela imprensa sueca como Anton Lundin-Pettersson, nativo de Trolllhattan e que expressava nas redes sociais um grande interesse por Hitler, o agressor havia publicado recentemente no Facebook um apelo da extrema-esquerda sueca a organizar um referendo sobre a imigração.
Assim como ocorre em França, Áustria ou Suíça, o reino escandinavo - que deve receber 190.000 refugiados neste ano - também vive um forte avanço da popularidade da extrema-direita.
Assim, o partido dos Democratas da Suécia, terceiro por assentos no Parlamento, tem 15,7% de boas opiniões, segundo uma pesquisa do instituto Skop publicada nesta sexta-feira, e registra sua maior alta desde junho.
Crescente resistência a Merkel
Na Alemanha, 13 pessoas suspeitas de ter planejado ataques contra centros de acolhida foram detidas na quarta-feira em Bamberg (sul). E a polícia afirma que aumentam os crimes contra estes centros, refletindo a crescente resistência à política de acolhida do governo da chanceler Angela Merkel.
No último fim de semana, uma responsável para os refugiados de Colônia, e candidata à prefeitura, foi esfaqueada por um homem próximo à extrema-direita. A mulher, que segue hospitalizada, foi eleita prefeita no domingo.
Também na Suíça ocorreu um avanço espetacular nas recentes legislativas da UDC, a direita populista anti-imigração e hostil à União Europeia. Na Áustria, o chefe do partido de extrema-direita FPO, Heinz-Christian Strache, obteve nas municipais o melhor resultado do partido na capital, Viena.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu acerca de "uma Europa que 'olha para o próprio umbigo', (...) que se fecha diante das esperanças e das expectativas dos demais", enquanto milhares de pessoas continuam chegando em massa, através dos Bálcãs, com a aproximação do inverno no hemisfério norte.
Na manhã desta sexta-feira (23), 5 mil refugiados esperavam, em meio ao frio, para atravessar o posto fronteiriço de Berkasovo entre Sérvia e Croácia, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Na bruma matinal, os migrantes acendiam fogueiras para se esquentar, enquanto outros dormiam no chão, cobertos com mantas.
"Há muitas crianças. É uma catástrofe!", exclamou um policial sérvio.
Situados no coração de uma crise migratória sem precedentes, os países dos Bálcãs esperam muito da mini-cúpula com a UE, prevista para este domingo em Bruxelas. Eslovênia, Bulgária, Hungria, Romênia e Croácia pedem apoio financeiro.
Totalmente sobrecarregada pelos acontecimentos, a Eslovênia, um dos pequenos Estados da chamada zona Schengen, ameaçou imitar a Hungria erguendo uma cerca anti-imigrantes.
O comissário europeu de Migrações, Dimitris Avramopoulos, visitou na quinta-feira a Eslovênia e lembrou que todos os países têm o "dever de acolher os que precisam desesperadamente de ajuda.