Leia Também
Jerusalém foi palco nesta sexta-feira (30) de um novo ataque palestino com faca, o primeiro em duas semanas, enquanto a violência continua a agitar a Cisjordânia ocupada.
Jerusalém não tinha experimentado um ataque desde 17 de outubro, aparente resultado da implantação de um forte esquema de segurança e de um acordo diplomático sobre a Esplanada das Mesquitas, local sensível e principal catalisador da violência nas primeiras semanas de outubro.
O ataque desta sexta (30) deixou dois feridos, um turista americano levemente atingido pelo palestino e um civil, baleado na perna por uma bala perdida dispara pelos agentes de segurança que tentavam neutralizar o agressor.
Este último, um palestino de 23 anos de um bairro de Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade anexada e ocupada por Israel, foi morto a tiros, segundo a polícia israelense.
No início do dia, dois palestinos haviam tentado esfaquear guardas de fronteira israelenses perto de Nablus, no norte da Cisjordânia ocupada. Um foi morto por tiros, o segundo está em estado grave, de acordo com a polícia israelense.
Violentos confrontos também opuseram jovens palestinos e soldados israelenses em várias cidades da Cisjordânia, em Hebron, Belém, Ramallah e Nablus, constataram jornalistas da AFP.
Em Hebron, dezenas de jovens palestinos atiraram pedras e coquetéis molotov em soldados israelenses.
Os soldados responderam com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Hebron, reduto na Cisjordânia do movimento islâmico Hamas, é um barril de pólvora onde 500 colonos israelenses vivem entre palestinos aprisionados atrás de arame farpado e torres de vigilância.
Pelo menos sete jovens palestinos foram mortos nos últimos dias perto do Túmulo dos Patriarcas, reverenciado por muçulmanos e judeus e uma fonte de tensões. Eles haviam atacado israelenses com facas, segundo as forças israelenses, mas os palestinos contestam essa versão.
Dos 65 palestinos (incluindo um árabe israelense) mortos desde 1º de outubro, cerca de um quarto eram de Hebron. Metade dos palestinos mortos foram baleados por cometer ataques que mataram nove pessoas do lado israelense.
Também nesta sexta-feira, jovens palestinos voltaram a manifestar na Faixa de Gaza após o chamado do Hamas e da Jihad Islâmica, forças que dominam o território.
Muitos deles desafiavam os soldados israelenses ao longo da cerca de segurança que, com a fronteira egípcia, fecha hermeticamente o território.
Dezesseis palestinos foram mortos em Gaza desde o início da nova onda de violência. A maioria deles atingidos por tiros israelenses durante protestos.
Movimento diplomático
A juventude palestina está exasperada com os dissabores ligados a décadas de ocupação israelense, pela colonização, bloqueio à Faixa de Gaza, a ausência de qualquer perspectiva pessoal e desacreditada das autoridades e partidos palestinos.
E neste contexto, a Esplanda das Mesquitas foi usada como um grito de guerra em protesto.
Enquanto isso, a violência aumentou a pressão do lobby pró-colonização sobre o governo israelense. Sem anunciar novas construções, o governo legalizou retroativamente cerca de 800 casas em quatro assentamentos na Cisjordânia ocupada.
A comunidade internacional considera a colonização ilegal, que se apresenta como um dos principais obstáculos para uma resolução pacífica do conflito.
A Nova Zelândia acaba de apresentar ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que apela israelenses e palestinos a evitar atos que poderiam minar os esforços de paz.
O projeto cita a expansão dos assentamentos do lado israelense e as iniciativas anti-israelenses no Tribunal Penal Internacional (TPI) pelos palestinos.
Apesar desta iniciativa, o presidente palestino Mahmoud Abbas, que tem recusado uma retomada as negociações com Israel no contexto atual, deve se reunir nesta sexta-feira com o procurador do TPI, de acordo com autoridades palestinas.