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Os compromissos apresentados por 146 países estão "longe de ser suficientes" para evitar o risco das mudanças climáticas, advertiu a ONU nesta sexta-feira (6), a apenas três semanas do início da reunião de cúpula de Paris sobre o clima.
As medidas prometidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, caso implementadas, representam apenas um terço do necessário até 2030 para evitar o aquecimento do planeta, adverte o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês).
"São insuficientes para limitar o aumento da temperatura global ao nível recomendado de 2ºC", disse o diretor do UNEP, Achim Steiner.
Caso este limite seja superado, alertam os cientistas, o mundo enfrentará um futuro de secas, inundações e um devastador aumento do nível do mar.
Os planos nacionais de redução de emissões de gases - conhecidos como INDCs no jargão da ONU - resultarão em um aumento da temperatura de 3,0ºC até 2100, indica o UNEP.
O documento examina a distância existente entre a emissão de CO2 atual e a projetada, de um lado, e os níveis necessários para permanecer abaixo do teto de 2ºC fixado pela ONU, de outro.
Pela primeira vez, a ONU leva em consideração as promessas de redução das emissões apresentadas antes da conferência de Paris, que acontecerá de 30 de novembro a 11 de dezembro e tem como objetivo alcançar um acordo global.
Riscos
Sem os INDCs, a humanidade vai liberar na atmosfera o equivalente a 60 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (GtCO2e) - uma medida que agrupa os diversos gases do efeito estufa, incluindo metano e óxido de nitrogênio - até 2030.
Os INDCs devem permitir uma redução de quase seis bilhões de toneladas, levando o total a 54 GtCO2e.
Mas para permanecer dentro do limite dos 2ºC, as emissões totais em 2030 não deveriam exceder 42 GtCO2e, segundo o painel da ONU.
Isto significa que os INDCs cobrem apenas um terço das 18 GtCO2e de distância entre o nível em que o planeta se encontra atualmente o desejável para 2030.
"Os compromissos apresentados estão longe de ser suficientes e as diferenças de emissão, tanto em 2025 como em 2030, serão muito significativas", afirma o relatório.
Nesta sexta-feira, o presidente Barack Obama anunciou a rejeição do projeto do controverso oleoduto Keystone XL entre o Canadá e os Estados Unidos e confirmou sua presença na abertura do COP21, juntamente com outros 80 chefes de Estado e de Governo.
"Em três semanas a partir de hoje, estou ansioso para encontrar-me com meus colegas do mundo inteiro em Paris, onde iremos nos reunir em torno de uma agenda ambiciosa para proteger o único planeta que temos", disse Obama
Muitos cientistas acreditam que é importante modificar a curva de emissões, para que alcancem o nível máximo o mais rápido possível e comecem a registrar queda.
Quanto mais tempo a humanidade esperar, afirmam, mais difícil e mais caro será para a transição a uma economia com reduzidos níveis de carbono.
Segundo o relatório, elaborado por uma equipe internacional de pesquisadores, as 146 promessas apresentadas até 1º de outubro resultarão em uma alta provável da temperatura de entre 3ºC e 3,5ºC até 2100.
A temperatura do planeta já subiu 0,8ºC desde a era pré-industrial.
O documento do UNEP, que confirma as hipóteses incluídas em outro relatório divulgado pela ONU esta semana, foi divulgado a apenas três semanas da reunião de Paris.
A grande conferência internacional (COP21) será precedida por uma reunião ministerial preparatória de três dias a partir do próximo domingo em Paris, com o objetivo de preparar o caminho para um acordo global que evite um fracasso como no encontro de 2009 em Copenhague.