O robô científico Philae completará nesta quinta-feira (12) seu primeiro ano pousado no cometa Churi e embora esteja há quatro meses sem dar quaisquer sinais de vida poderá em breve retomar o contato com a Terra.
Um ano atrás, a sonda europeia Rosetta levou Philae até o cometa 67P/Churyumov-Geramisenko (apelidado de Churi) com a missão de explorar diretamente o núcleo com o auxílio de seus sofisticados instrumentos de observação.
Após mais de dez anos de viagem interplanetária a 450 milhões de quilômetros da Terra a bordo de Rosetta, o robô pousou em 12 de novembro de 2014 no cometa, um marco histórico que foi seguido em todo o mundo.
Em sua queda, Philae saltou várias vezes e, finalmente, estabilizou entre duas falésias.
Com seus dez instrumentos, o robô trabalhou por 60 horas e depois morreu porque os painéis solares que dão vida a ele não está recebendo energia suficiente.
No último 13 de junho despertou de surpresa e manteve vários contatos com a Terra. Mas desde 9 de julho não mostrou qualquer sinal de vida e teme-se que ele esteja danificado.
Para que o robô possa entrar em contato coma a sonda Rosetta, ela tem que se aproximar a menos de 200 quilômetros do cometa.
Mas durante o verão Rosetta havia se afastado de Churi porque estava emitindo uma poeira perigosa durante sua aproximação do sol.
"Estou novamente a 200 quilômetros do cometa. Isso melhora as possibilidades de ter novamente notícias de Philae", anunciou na segunda-feira Rosetta em sua conta no Twitter, mantida pela Agência Espacial Europeia (ESA).
"Existem boas possibilidades de estabelecermos novamente contato com Philae. Diria que temos 50% de possibilidades", afirmou Stephan Ulamec, responsável pelo módulo de pouso na agência espacial alemã DLR.
Segundo Jean-Pierre Bibring, responsável científico do robô, "poderíamos manter contatos com o robô esta mesma semana, mas é sobretudo a partir do final de novembro ou no início de dezembro que esperamos poder retomar uma série de operações científicas com Philae".
Material orgânico
O objetivo da missão Rosetta, liderada pela Agência Espacial Europeia, é compreender melhor os cometas, testemunhos há 4,6 bilhões de anos do nascimento do sistema solar. Os pesquisadores esperam descobrir também indícios de como surgiu a vida na Terra.
Philae permitiu ver "quase o milímetro dos grãos da superfície" do núcleo do cometa, lembra à AFP Nicolas Altobelli, cientista da ESA.
No seu primeiro salto para cair, causando uma nuvem de poeira, Philae detectou elementos voláteis, incluindo várias moléculas orgânicas que formam os chamados "blocos de construção da vida". Os instrumentos do robô também revelaram a presença de um material de carbono orgânico na superfície que também está, certamente, presente no núcleo do planeta.
'Temos que continuar examinando esse material. Como é muito refratário, é preciso aquecê-lo para que se fragmente e entre em nossos instrumentos", explicou Bibring.
Philae tem pequenos fornos em seu exterior e talvez até alguns deles já tenham capturado parte deste material que poderia ser formado por macromoléculas complexas. Se não houver nada dentro destes fornos, seria preciso perfurar o solo, informaram os responsáveis da missão.
Há um ano, Philae já havia tentado uma perfuração, mas não teve resultados. "Teria que girar uns graus para que a perfuradora possa tocar o solo, uma operação que apresenta alguns riscos", segundo Bibring.
Em todo caso, não é possível fazer nada se não há uma comunicação estável entre o robô e Rosetta. "Bastariam contatos de uns dez minutos por dia para levar a cabo experimentos", explica o responsável científico.
O cometa está se afastando do Sol e as temperaturas estão caindo, com o que, segundo Bibring, só há tempo até janeiro para tentar trabalhar com Philae. Depois, terá o descanso merecido até o final da missão, prevista em setembro de 2016.