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Os atentados em Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), puseram sob forte pressão, em Viena, os participantes da reunião internacional sobre a guerra na Síria, um país parcialmente controlado pela organização jihadista.
"Um dos temas da reunião de hoje, em Viena, é precisamente ver concretamente como podemos acentuar ainda mais a nossa coordenação internacional na luta contra o Daesh", declarou o chanceler francês, Laurent Fabius, usando o acrônimo em árabe para o grupo Estado Islâmico.
Este novo encontro foi iniciado com a participação, entre outros, dos Estados Unidos e da Rússia, horas depois dos atentados que deixaram pelo menos 128 mortos na capital francesa.
Para o secretário de Estado americano, John Kerry, os atentados em Paris terão que fazer os diplomatas reunidos em Viena "trabalhar ainda mais intensamente".
Atentados deste tipo demonstram que o mundo enfrenta "um tipo de fascismo medieval e moderno (...), que procura destruir e criar o caos", assegurou.
Lavrov também destacou que é preciso intensificar a luta contra grupos jihadistas como o EI, citando também a Frente Al Nosra, na Síria.
"Não pode haver nenhuma justificativa (...) para não fazer muito mais para vencer o EI, a Al Nosra e os que se parecem a eles", declarou, ao lado de Kerry, em Viena.
Para a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, a reunião de Viena também "adquire um novo significativo" após o ocorrido em Paris.
"Quase todos os países sentados ao redor desta mesa sofreram a mesma dor", acrescentou, citando "Líbano, Rússia, Egito, Turquia".
Na capital austríaca, onde uma primeira reunião multilateral terminou em 30 de outubro com um comunicado conjunto, as grandes potências e os países da região devem tentar fixar um plano sobre uma transição política na Síria, embora nem o regime de Damasco, nem a oposição síria participem das conversações.
Vinte delegados estavam presentes em torno de Kerry e de seu colega russo, Serguei Lavrov.
Em Damasco, o presidente sírio, Bashar al Assad afirmou que a política francesa no Oriente Médio facilitou "a expansão do terrorismo".
"As políticas errôneas adotadas na região pelos países ocidentais e, em particular pela França, contribuíram para a expansão do terrorismo", declarou Assad, citado pela agência oficial síria Sana.
Desacordos
A Rússia e o Irã, também presente em Viena, se opõem aos Estados Unidos no que diz respeito ao futuro de Assad e sua possível participação em uma transição política.
Na quinta-feira, Kerry tinha jogado um balde d'água fria nas expectativas de uma rápida solução diplomática para o conflito.
"Não posso dizer-lhes esta tarde que estamos no limite de um acordo completo. Não. Há muito trabalho a fazer", admitiu Kerry em um longo discurso sobre a estratégia dos Estados Unidos na Síria, em um centro de pesquisas em Washington.
"Os muros da desconfiança na Síria, na região e na comunidade internacional continuam sendo firmes e altos", lamentou o chefe da diplomacia americana, antes de viajar para a Túnis e depois para Viena.
A guerra na Síria deixou pelo menos 250 mil mortos e milhões de refugiados desde 2011.
Kerry também informou que os governos e organizações representados na capital austríaca seriam: Nações Unidas, União Europeia, Liga Árabe, Alemanha, Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, França, Irã, Iraque, Itália, Jordânia, Líbano, Omã, Catar, Rússia, Reino Unido e Turquia.