Terror

Bélgica diz que dois franceses que residiram em Bruxelas participaram de ataques em Paris

Autores dos ataques morreram no local. Dois automóveis matriculados na Bélgica também foram encontrados

Da AFP
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Publicado em 15/11/2015 às 13:07
Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP
Autores dos ataques morreram no local. Dois automóveis matriculados na Bélgica também foram encontrados - FOTO: Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP
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Dois franceses que residiram em Bruxelas, um deles no bairro de Molenbeek, estão entre os autores dos ataques mortais de sexta-feira à noite em Paris, e que eles "morreram no local", afirmou neste domingo a procuradoria federal belga. Além disso, "dois automóveis matriculados na Bélgica" foram encontrados pelos investigadores franceses, "um próximo à casa de espetáculos Bataclan e o outro perto do cemitério parisiense Père Lachaise", explica a procuradoria. "A investigação demonstrou que esses dois veículos foram alugados "no início desta semana na região de Bruxelas", de acordo com a mesma fonte.

"Uma pessoa que alugou um dos veículos foi interpelada em Cambrai (norte da França), em 14 de novembro às 9h10 na estrada A2 em direção a Bélgica. Em seguida, o carro foi interceptado em Molenbeek-Saint-Jean ontem no final da tarde", explicou a procuradoria. No total, sete pessoas foram presas na Bélgica desde sábado em conexão com os atentados. "Alguns deles poderiam ser encaminhados ao juiz de instrução nas próximas horas", de acordo com a mesma fonte.A polícia belga também realizou no sábado buscas em Molenbeek. "As peças apreendidas estão sendo analisadas", segundo a procuradoria. Desde os primeiros momentos "as autoridades judiciárias belgas e francesas colaboram ativamente entre si. Para acelerar o intercâmbio de informações, decidiram criar uma equipe de investigação conjunta. Investigadores franceses estão atualmente em Bruxelas", indicou ainda.

A Bélgica, onde sete pessoas foram presas em conexão com os ataques de sexta-feira em Paris, se apresenta como um reduto de radicais islâmicos, apesar dos esforços para erradicar um fenômeno  "gigantesco", segundo o primeiro-ministro Charles Michel.

Dois franceses que residiram em Bruxelas, um deles no bairro de Molenbeek, estão entre os autores dos ataques mortais de sexta-feira à noite em Paris, e eles "morreram no local", afirmou neste domingo a procuradoria federal belga.

Além disso, "dois automóveis matriculados na Bélgica" foram encontrados pelos investigadores franceses, "um próximo à casa de espetáculos Bataclan e o outro perto do cemitério parisiense Père Lachaise", explica a procuradoria. "A investigação demonstrou que esses dois veículos foram alugados "no início desta semana na região de Bruxelas", de acordo com a mesma fonte.

A Bélgica, pequeno país de 11 milhões de habitantes é, na Europa, o que conta com o maior número de voluntários que se juntaram aos jihadistas na Síria e no Iraque em proporção à sua população. Foram identificados 494 "jihadistas" belgas: 272 estão na Síria ou no Iraque, 75 são dados como mortos, 134 retornaram e 13 estão voltando, de acordo com os serviços de segurança.

Mas o que é surpreendente é que a Bélgica, apesar do reforço da sua legislação antiterrorismo, do desmantelamento de canais de recrutamento e células terroristas desde a década de 1990, continua a ser um refúgio relativamente seguro para os jihadistas.

"A Europa tornou-se sem fronteiras, e é normal que eles (os autores de ataques) se beneficiem desta característica. Mas temos de deixar de ser uma base para aqueles que querem travar uma guerra na Europa", declarou neste domingo o prefeito de Bruxelas, Yvan Mayeur.

Isto é particularmente comum na aglomeração de Bruxelas, em Molenbeek-Saint-Jean, onde vive uma grande comunidade muçulmana, incluindo uma minoria de radicais islâmicos. "Nesta pequena minoria, existem figuras conhecidas a nível europeu, que atraem pessoas", indicou à AFP um especialista em terrorismo, Claude Moniquet.

'Mais repressão'

"Constato que há quase sempre uma relação com Molenbeek, o que é um problema enorme. Nos últimos meses, várias iniciativas foram tomadas na luta contra a radicalização, mas precisamos de mais repressão", reconheceu neste domingo na televisão flamenga VRT o primeiro-ministro, Charles Michel. "Vamos trabalhar intensamente com as autoridades locais. O governo federal está pronto para fornecer mais recursos para melhorar a situação no terreno, no país e em áreas onde há problemas", prometeu.

Citando uma "rede", a prefeita de Molenbeek, Françoise Schepmans, relatou sete prisões diretamente relacionadas com os atentando em Paris. As detenções em Molenbeek "podem ser vistas em conexão com um carro Polo alugado na Bélgica encontrado em frente (à casa de espetáculos) Bataclan", onde pelo menos 89 pessoas foram mortas, indicou o ministro da Justiça belga, Koen Geens, à televisão pública.

Anonimato fácil

Também passaram por Molenbeek em 2001 os assassinos do comandante Massud, no Afeganistão, bem como Hassan El Haski, condenado por ser um dos líderes dos tentados de 2004 em Madri (191 mortos e 1.800 feridos), e ainda Mehdi Nemmouche, o principal suspeito do atentado no Museu Judaico de Bruxelas, em maio de 2014.

O autor do ataque frustrado em agosto no Thalys Amsterdã-Paris, Ayoub El Khazzani, também passou pela localidade, onde reside sua irmã, antes de tentar atacar o trem.  Finalmente, uma célula terrorista desmantelada em janeiro, em Verviers (leste), também tinha laços em Molenbeek. "Eles não vêm todos daqui e, na maior parte, estão apenas de passagem", defendeu-se Françoise Schepmans, que pertence ao Partido Liberal do primeiro-ministro.

"Em algumas áreas, a população é muito densa, composta 80% de pessoas do norte da África. O anonimato é mais fácil para as pessoas de passagem com más intenções", declarou ao jornal La Dernière Heure. "Eles também desembarcam em bairros onde o solo é mais fértil para a radicalização (...)", acrescentou ela. Neste domingo de manhã, Molenbeek parecia calmo, segundo um fotógrafo da AFP. "O cara que foi preso não é do bairro, todos nós nos conhecemos aqui. Dizem que ele parecia um convertido", afirmou um morador  à AFP.

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