Vários estados americanos republicanos anunciaram que se recusarão a receber refugiados sírios, com a intenção de evitar atentados similares aos ocorridos na sexta-feira passada em Paris, enquanto o presidente Barack Obama advertiu ser contra a comparação entre refugiados e o terrorismo.
Em e-mail destinado ao presidente, nesta segunda-feira, o governador do Texas, Greg Abbott, informou que seu estado "não aceitará refugiados sírios após o ataque terrorista mortal de Paris".
"Um refugiado sírio parece ter participado nos ataques terroristas de Paris. A compaixão humanitária americana pode ser usada para expor os americanos a um perigo mortal similar", explicou o governador do estado sulista do país.
Também o governador do Arkansas, Asa Hutchinson, anunciou, pelo Twitter, que "se opõem ao estabelecimento de refugiados sírios" neste outro estado no sul.
Mas o presidente Barack Obama ressaltou, nesta segunda-feira (16) , na Turquia, a importância de não "assimilar o tema dos refugiados com o tema do terrorismo".
"As pessoas que fogem da Síria são as que mais sofrem com o terrorismo, são eles os mais vulneráveis. É muito importante que não fechemos nossos corações às vítimas desta violência", declarou Obama ao término da reunião do G20.
"É vergonhoso" ouvir às "pessoas dizerem que só podemos receber cristãos, e não muçulmanos", acrescentou o líder.
No domingo, o governador republicano do estado do Alabama, Robert Bentley, também havia anunciado que se negaria a receber refugiados sírios.
"Depois de ter acompanhado atentamente os ataques terroristas deste fim de semana contra cidadãos inocentes em Paris, vou opor-me a qualquer tentativa de transferir refugiados sírios ao Alabama", afirmou Robert Bentley, governador deste estado do sudeste dos Estados Unidos.
"Eu não serei cúmplice de uma política que coloca os cidadãos do Alabama em perigo", completou em um comunicado divulgado no domingo.
O governador do estado de Michigan, Rick Snyder, também anunciou uma decisão similar, "levando em consideração a terrível situação em Paris".
Em um comunicado, Snyder afirma que deu instruções para suspender "os esforços que pretendiam aceitar novos refugiados, até que o Departamento de Segurança Interna conclua uma revisão completa das medidas de segurança".
"Virão dias difíceis para o povo da França e ele permanecerá em nossos pensamentos e em nossas orações", completou Snyder, cujo estado abriga uma das mais importantes comunidades procedentes do Oriente Médio.
"É importante destacar que estes ataques são executados por extremistas e não refletem a atitude pacífica da população originária do Oriente Médio", destacou o governador.
De acordo com o principal jornal de Michigan, o Detroit Free Press, entre 1.800 e 2.000 refugiados foram recebidos no estado durante o ano, incluindo 200 sírios.
Vários pré-candidatos republicanos à presidência afirmaram no domingo que os Estados Unidos não devem receber refugiados sírios, pelo temor de que militantes do grupo Estado Islâmico estejam infiltrados.
Outros estados governados por republicanos adotaram medidas similares, entre eles Arizona, Flórida, Geórgia, Illinois, Indiana, Luisiana, Massachusetts, Mississippi, Nebraska, Carolina do Norte, Ohio, Oklahoma, Tennessee e Wisconsin.
A governadora de New Hampshire, Maggie Hassan, se somou a eles.
Mas um alto funcionário da Casa Branca afirmou que o país não corre tal risco e que o número de refugiados que devem ser recebidos pelos Estados Unidos é limitado, com um processo de verificação de segurança "sólido".
"Não podemos fechar nossas portas a estas pessoas", afirmou no domingo ao canal Fox News o conselheiro nacional adjunto para questões de Segurança do presidente Barack Obama, Ben Rhodes.
O Congresso tem até 11 de dezembro para concretizar despesas para 2016 e alguns republicanos querem inserir disposições para bloquear recursos federais para financiar o plano de Obama para receber refugiados.