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Os moradores de um conjunto habitacional em Drancy, cidade no subúrbio de Paris, tomaram um susto por volta das 6 horas desta segunda-feira (16).
Os policiais invadiram um dos prédios, marcando uma das mais de 160 operações antiterror realizadas pela França durante o dia.
Os policiais foram direto ao terceiro dos quatro andares do modesto edifício. Ali, em um dos apartamentos viveu Samy Amimour, 28, identificado na manhã desta segunda como um dos três terroristas que mataram 89 pessoas na casa de show Bataclan na sexta-feira (13), em Paris. Ele se suicidou com a explosão de uma bomba durante o ataque.
Pelo menos três membros de sua família (cujo grau de parentesco não foi revelado) estão sob custódia para prestar depoimento. No momento em que a reportagem visitou o local, na tarde desta segunda, a janela do apartamento estava fechada -havia apenas um tapete pendurado na varanda.
Um policial fazia vigilância do lado de dentro da recepção do prédio, que fica a 50 metros da prefeitura de Drancy.
Os moradores da área estavam em choque -afinal, sabiam que o jovem havia se mudado para a Síria havia pelo menos dois anos depois de envolvimento com radicalização islâmica, mas não imaginavam de seu vínculo com terrorismo e os ataques de sexta.
"Sempre me pareceu um rapaz tranquilo, gostava de usar roupas esportivas, era super educado. Mas há tempos não tinha mais informações sobre ele", contou a estudante Fateou, 18, vizinha do andar de cima.
Amimour nasceu na região em 15 de outubro de 1987. O radicalismo religioso teria começado quando passou a frequentar uma mesquita da cidade -a reportagem esteve no local, mas seus dirigentes não quiseram dar entrevista.
Em outubro de 2012, Amimour foi indiciado em uma investigação sobre terrorismo. Teria violado a supervisão da Justiça e fugido da França no ano seguinte. Foi parar na Síria.
Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", em dezembro do ano passado, seu pai, Mohamed Amimour, declarou que chegou a viajar à Síria para pedir ao filho que retornasse para casa. Em vão.
Segundo vizinhos, os pais começaram a perder o contato com Amimour desde então. Acreditavam que ele havia se casado. Receberam a última notícia sobre o filho nesta segunda, quando a polícia bateu à porta do apartamento.
O enredo de Samy Amimour se parece com o do também francês Ismael Omar Mostefai, 29, outro atirador suicida do massacre do Bataclan.
São jovens que cortaram laços familiares para deixar a França depois dos primeiros passos no radicalismo islâmico. Passaram uma temporada na Síria, país em conflito e com territórios sob domínio da facção extremista Estado Islâmico, e então retornaram ao país onde nasceram para realizar o maior atentado terrorista de sua história.