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O governo dos Estados Unidos encerrará nessa sexta-feira (20) uma saga diplomática de 30 anos com a libertação de Jonathan Pollard, um judeu americano que espionou a favor de Israel e cuja detenção provocou uma disputa interminável entre Washington e o Estado hebreu.
O ex-analista da Marinha dos Estados Unidos, que obteve a nacionalidade israelense em 1995, foi condenado pela justiça americana à prisão perpétua em 1987.
Nascido no Texas, Pollard foi declarado culpado de ter repassado a Israel, de junho de 1984 até sua detenção em novembro de 1985, milhares de documentos considerados "segredos de defesa" sobre as atividades de espionagem dos Estados Unidos, principalmente nos países árabes.
Quase 30 anos depois de ser descoberto, Pollard, de 61 anos, deixará na sexta-feira sua cela na penitenciária federal de Butner, na Carolina do Norte, porque teve um pedido de liberdade condicional concedido no verão (hemisfério norte).
O momento vai encerrar décadas de uma recusa obstinada de Washington de conceder a Pollard clemência ou redução da pena.
Israel considerava injustificável uma detenção tão prolongada de Pollard por parte de um aliado estratégico.
Razões humanitárias
"Com o passar do tempo, a opinião pública israelense considerou, por motivos humanitários, que ele havia cumprido sua pena, depois de ter recebido uma punição suficiente e passar tantos anos detidos, alguns deles em isolamento, enquanto sua saúde deteriorava", explica à AFP Dan Arbell, especialista nas relações EUA-Israel.
Desde o início, o caso Pollard foi emblemático.
"Pela primeira vez nos Estados Unidos, um americano foi julgado por espionagem em favor de Israel, uma pessoa que procede do meio da defesa e inteligência e, além disso, um judeu americano", recorda Arbell.
Atrás das grades, Pollard se transformou em um ícone da direita israelense muitos cidadãos do país abraçaram sua causa.
Os documentos repassados por ele permitiram a Israel, por exemplo, bombardear em 1985 o quartel-general da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na ocasião exilada na Tunísia, e matar o número dois do grupo, Abu Jihad, em Túnis em 1988.
Mas para o governo dos Estados Unidos, o espião provocou um dano considerável aos interesses americanos em plena Guerra Fria.
De acordo com certas fontes, Pollard teria entregue a outros países, além de Israel, certas informações cruciais, que poderiam ter terminado nas mãos da União Soviética.
Durante anos, o espião foi um peão em negociações para a libertação de prisioneiros palestinos ou nas negociações de paz.
Mas tais esforços sempre esbarraram na recusa de Washington.
"Os presidentes americanos tentaram fazer dele um exemplo para afirmar que não tolerariam a espionagem de um país amigo", afirmou à AFP Michel Brenner, diretor do Centro de Estudos de Israel na American University de Washington.
O mistério agora diz respeito às intenções de Pollard depois da libertação.
De acordo com os termos de sua libertação condicional, Pollard deve permanecer em território americano por cinco anos, exceto se o presidente Barack Obama o autorizar a deixar o país.
Jerrold Nadler e Eliot Engel, dois congressistas judeus de Nova York, afirmaram que Pollard estaria disposto a renunciar à nacionalidade americana para viajar a Tel Aviv.