Manifestações nos cinco continentes reuniram quase 600 mil pessoas neste domingo para exigir um acordo contra o aquecimento global, na véspera da conferência da ONU sobre o clima, em Paris.
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Os protestos ocorreram na Austrália, onde dezenas de milhares de pessoas foram às ruas, passando por Ásia, Europa e África, com o objetivo de exigir medidas que impeçam transformações irreversíveis como grandes secas ou a elevação do nível dos oceanos. Essas mudanças acontecerão, ao longo deste século, inevitavelmente, se não forem contidas as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Segundo as primeiras estimativas divulgadas por um dos organizadores, a ONG Avaaz, pelo menos 570 mil pessoas participaram das 2.300 marchas pelo clima ao redor do mundo neste fim de semana.
"Esse número é sempre provisório e suscetível de aumentar com outras passeatas que ainda vão acontecer no México, em Ottawa e Vancouver, o que deve elevar o total para muito mais do que 600.000 participantes", destacou a organização.
Em Madri, ao menos 10 mil pessoas participaram de uma passeata iniciada diante da prefeitura, na Praça Cibeles, que seguiu até a Porta do Sol. Entre as mensagens, podia-se ler "A Terra é sua casa" e "Me ajude e ajude a si mesmo".
No Rio de Janeiro, cerca de 400 pessoas participaram de um protesto na praia de Ipanema, e em São Paulo, a manifestação reuniu ao menos 300 pessoas - sob forte chuva - no centro da cidade.
Os dois protestos foram marcados pela tragédia de Mariana, o maior desastre ambiental na área de mineração da história do país.
Em Londres, estrelas de Hollywood e do mundo da moda foram às ruas hoje junto com milhares de anônimos, para exigir compromissos contra o aquecimento global.
"Este clamor popular tem de ser ouvido. Essa cúpula histórica tem uma importância vital", disse à AFP a atriz Emma Thompson.
"No ano passado, fui junto com a minha filha ao Ártico. Lá, eu vi com meus próprios olhos a degradação do meio ambiente. O clima muda tão rápido atualmente porque os protocolos de Kioto foram ignorados", acrescentou.
"A ameaça é séria. É preciso agir. Se formos numerosos o bastante, os políticos terão de nos ouvir. Eles querem ser reeleitos e, por isso, vão responder", afirmou o cantor Peter Gabriel.
A célebre estilista Vivienne Westwood, o líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn e a cantora Charlotte Church também participaram da passeata.
"Queremos enviar uma mensagem clara para dizer que queremos um acordo, que meras palavras não são suficientes. De Uagadugu a Londres, passando pelo Nepal, o mundo inteiro marcha como se fosse uma única pessoa, reclamando ações", destacou o diretor de campanha da organização Avaaz, Sam Barratt.
"Isso me afeta diretamente. Se nada mudar, minha terra vai ficar submersa", disse Mikaele Maiava, de 37, de Tokelau, que faz parte da Nova Zelândia.
"É o problema da nossa geração, não é um problema apenas para os ambientalistas. A educação é essencial. Nunca se é jovem demais para se sensibilizar com problemas tão fundamentais", defendeu a francesa Katia Herault, que vive em Londres, e levou os filhos vestidos como o peixinho Nemo, personagem da animação "Procurando Nemo".
Em Paris, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo neste domingo para conter centenas de manifestantes, muitos deles mascarados, que jogaram sapatos, garrafas e até barreiras metálicas contra os agentes, em um protesto contra a proibição de se manifestar, à margem da COP21.
Com cerca de 150 chefes de Estado e de Governo, a XXI Conferência do Clima da ONU inaugura, oficialmente, nesta segunda-feira. Os representantes dos 195 países que participam da COP21 devem anunciar, em 11 de novembro, a formalização de um acordo mundial para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.