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COP21 faz apelo para preservar o planeta

A COP21 ocorre no parque de exposições aeronáuticas de Le Bourget, no norte de Paris

Da AFP
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Publicado em 30/11/2015 às 16:55
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A COP21 ocorre no parque de exposições aeronáuticas de Le Bourget, no norte de Paris - FOTO: Divulgação
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A conferência sobre o clima COP21 começou nesta segunda-feira em Paris na presença de 150 chefes de estado e governo com um enérgico chamado para negociar um acordo global contra as mudanças climáticas que preserve a vida das gerações futuras no planeta. 

"Nunca esteve em jogo algo tão importante numa reunião internacional", disse o presidente francês François Hollande ao abrir a conferência, "porque trata-se do futuro do planeta, do futuro da vida". 

A COP21 ocorre no parque de exposições aeronáuticas de Le Bourget, no norte de Paris, onde os organizadores montaram uma pequena "cidade verde" de 18 hectares transformada num bunker pelas estritas medidas de segurança adotadas após os atentados que deixaram 130 mortos em Paris em 13 de novembro. 

Nesse contexto carregado de drama, mais de 150 chefes de estado e governo, entre eles Barack Obama (Estados Unidos), Xi Jinping (China), Dilma Rousseff (Brasil) e Rafael Correa (Equador), manifestaram em seus discursos uma mensagem de união, a favor da proteção ambiental e contra o terrorismo. 

"Não oponho a luta contra o terrorismo à luta contra o aquecimento global", disse Hollande. "São dois desafios que devemos assumir". 


- O tempo é curto -

Os líderes observaram um minuto de silêncio em memória das vítimas dos ataques e posaram para uma foto em grupo antes de tomar a palavra individualmente, limitados a três minutos, apenas com uma pausa ao meio-dia para um almoço orgânico. 

O fio condutor foi a urgência climática. "Nós temos o poder de mudar o futuro aqui e agora, mas só se nos colocarmos à altura dos acontecimentos", disse Obama.

O evento foi precedido no final de semana para mobilizações nos cinco continentes, que reclamaram um acordo capaz de frear o aquecimento global. 

A COP21, que reúne 195 países até 11 de dezembro, vai buscar limitar a um máximo de 2ºC o aquecimento do planeta com relação à média da era pré-industrial no século XIX. 

Acima deste limite, a Terra sofrerá consequências catastróficas que tornariam muitas regiões inabitáveis: ciclones, secas, aumento do nível dos mares, queda dos rendimentos agrícolas, extinção de animais. 

Segundo Hollande, a COP21 deverá "definir uma trajetória factível capaz de manter o aquecimento abaixo dos 2ºC, ou até mesmo 1,5ºC", e estabelecer um mecanismo de avaliação regular.

 

- ONGs mais otimistas -

A ideia de reunir os líderes no início da conferência deu um impulso nas negociações que serão retomadas a partir de terça-feira pelos especialistas, antes da reta final ministerial da ultima semana, destinada a concretizar o acordo global. 

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que as delegações "escolham o caminho do compromisso e, caso necessário, da flexibilidade". 

A consciência da ameaça e um contexto político considerado mais favorável que há seis anos gerou algum otimismo sobre a possibilidade de evitar o fracasso da conferência de Copenhague em 2009.

Vários especialistas de ONGs ambientalistas se mostraram mais satisfeitos com o início da COP21. 

"Estou otimista porque o impulso político já aconteceu", disse François Julliard, diretor do Greenpeace França. "Há uma dinâmica bastante positiva", disse Romain Benicchio, da Oxfam, embora afirme que "ninguém superou suas linhas vermelhas". Celia Gautier, Rede de Ação Climática, disse que "tudo está aberto, tudo é possível: o melhor e o pior".

 

- China e EUA trabalham a favor -

Até agora, 183 dos 195 países apresentaram suas INDCs, os compromissos nacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa responsáveis ??pela mudança climática. 

Entre os que ainda não apresentaram seus compromissos estão a Líbia, Coreia do Norte, Venezuela, Uzbequistão, Nepal, Panamá e Nicarágua, segundo o site da ONU. O presidente Nicolás Maduro, anunciado até o último momento na lista de oradores da conferência, não se apresentou.

De forma contrária ao ocorrido na capital dinamarquesa, China e Estados Unidos - os principais emissores de gases de efeito estufa - desta vez buscam um acordo.

O presidente chinês, Xi Jinping, convidou os países desenvolvidos a estarem "à altura de seus compromissos" financeiros, pretendendo reunir 100 bilhões de dólares até 2020, que serão destinados ao financiamento de projetos climáticos no sul, e incrementar sua ajuda após essa data.

No sentido contrário a um acordo pesam, no entanto, as divergências de interesses de países industrializados, economias emergentes e nações mais pobres, potências petroleiras e Estados insulares do Pacífico ameaçados de desaparecimento.

 

 - Diferenças entre Norte e Sul -

Os discursos desta segunda-feira confirmaram a variedade de enfoques entre o mundo desenvolvido e os países em desenvolvimento.

A chilena Michelle Bachelet defendeu a ideia de "justiça ambiental" e o equatoriano Rafael Correa, após proclamar que "o planeta já não aguenta mais", propôs criar uma "corte internacional de justiça ambiental" para sancionar os atentados contra a natureza. "Se continuarmos com o caminho traçado pelo capitalismo, estamos condenados a desaparecer", declarou o boliviano Evo Morales.

Em resposta, Enrique Peña Nieto opinou que é possível crescer economicamente e cuidar do meio ambiente.

A presidente Dilma recordou que o Brasil está sendo atingido ao mesmo tempo pelo aquecimento global, o fenômeno El Niño, e por uma das maiores catástrofes ecológicas de sua história, após o rompimento da barragem em Mariana.

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