CLONAGEM

Fábrica chinesa de clones promete vacas, cavalos e até bebês

O grupo Boyalife espera criar um milhão de vacas antes de 2020

Da AFP
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Da AFP
Publicado em 01/12/2015 às 21:12
Foto: BOYALIFE GROUP/Boyalife Group/AFP
O grupo Boyalife espera criar um milhão de vacas antes de 2020 - FOTO: Foto: BOYALIFE GROUP/Boyalife Group/AFP
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Xu Xiaochun, diretor de um ambicioso laboratório de clonagem chinês, não apenas prometeu 'fabricar' milhares de vacas, cavalos e cachorros, mas também garante dispor da tecnologia necessária para duplicar seres humanos. 

O grupo Boyalife e seus parceiros estão construindo suas gigantescas instalações na cidade de Tianjin (norte), que abrirão dentro de sete meses e onde esperam criar um milhão de vacas antes de 2020. 

Mas os bovinos são apenas uma primeira etapa no ambicioso projeto de Xu Xiaochun, de 44 anos, diretor-geral da empresa, que também quer clonar cavalos puro-sangue e cachorros policiais. 

A Boyalife, em colaboração com a empresa sul-coreana Sooam e a academia chinesa de ciências, já está trabalhando na clonagem dos primatas que são usados na pesquisa científica. E no que diz respeito aos seres humanos, Xu garante que está tudo pronto. 

"A tecnologia já existe (...) Se for autorizada, não acredito que haverá uma empresa melhor do que a Boyalife", garante Xu, afirmando que atualmente não está realizando nenhuma clonagem. 

Os valores mudam, diz em referência aos debates éticos e morais sobre a clonagem, e lembra como mudou por exemplo a percepção social da homossexualidade. 

"Infelizmente hoje a única maneira de ter um filho é que seja uma mistura de seu pai e sua mãe. Mas quem sabe no futuro haverá três possibilidades (...). Ou bem será 50 e 50, ou bem 100% do DNA do pai ou 100% do DNA da mãe", afirma. 

A empresa considera que sua atividade garante a biodiversidade e tem previsto criar em Tianjin um banco de genes que armazenará até cinco milhões de amostras de células congeladas, uma espécie de inventário das espécies ameaçadas à espera que possam ser regeneradas.

Sooam, o parceiro sul-coreano da Boyalife, já está trabalhando no projeto de ressurreição de um mamute através de células de milhares de anos antiguidade descobertas sob o gelo na Sibéria. Esta empresa também oferece a seus clientes um serviço para clonar cachorros falecidos por um preço próximo a 100.000 dólares. 

- 'Supervacas' -

O fundador da Sooam, o sul-coreano Hwang Woo-Suk, anunciou em 2004 ter criado células-tronco de um embrião humano, algo que acabou sendo falso. No entanto, continua a ser reconhecido por ter criado, em 2005, o primeiro cão clonado, Snuppy.

Este ano, Hwang anunciou sua intenção de trabalhar com empresas chinesas "porque as leis da Coreia do Sul sobre bioética proíbem o uso de óvulos humanos", explicou ao jornal sul-coreano Dong-A Ilbo, e não descartou usá-los no futuro.

Por enquanto, sua parceira chinesa Xu Xiaochun única aspira se tornar um líder mundial na criação de carne bovina "supervacas" clonadas com o mesmo DNA e cuja carne, promete, será tão saborosa quanto a famoso carne japonesa de Kobe.

Estes animais, garante, permitirão aos açougueiros "matar menos e produzir mais" para atender ao crescimento da classe média na China.

"Em um supermercado tudo é bom (...) todos têm a mesma forma, e até agora não conseguimos fazer o mesmo com os animais. Mas em nossa fábrica de clonagem, decidimos que iremos fazê-lo", afirma Xu.

Entretanto, não há consenso sobre se carne de animais clonados pode ter consequências negativas para a saúde. A Agência dos Estados Unidos para a Segurança dos Alimentos (Food and Drug Administration) garante que a carne é segura, mas o Parlamento Europeu quer proibi-la. 

Han Lanzhi, especialista em transgênicos da academia chinesa de ciências agrícolas, alerta que as aspirações da Boyalife são preocupantes e pouco realistas.

"Obter uma permissão para clonar animais é um processo longo, por isso fiquei muito surpresa quando ouvi a notícia", explica, lembrando que há uma "regulamentação dura" para evitar abusos. 

Xu Xiaochun responde que não há o que temer. "Queremos que o público se dê conta de que a clonagem não é uma loucura e que os cientistas não são pessoas esquisitas que usam jalecos escondidas atrás de portas fechadas fazendo experimentos estranhos". 

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