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Um grupo de pacientes de câncer protestou nesta quarta-feira (9) em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Eles reivindicam uma audiência com o desembargador José Renato Nalini pedindo a revisão da suspensão da liminar que autorizava pacientes a usarem a substância fosfoetanolamina, produzida no Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo (USP). A droga não tem registro na Anvisa.
A paciente Bernardete Cioffi, analista de sistemas, que sofre de metástase óssea devido a um câncer de mama, explica que pretende apresentar ao desembargador fatos novos que ocorreram após a suspensão. Entre eles, estão os testes clínicos e produção em larga escala por um laboratório da Fundação para o Remédio Popular (Furp).
“Esses são fatos novos, de suma importância e que podem dar aos desembargadores a tranquilidade de que eles tanto precisam. Estar oferecendo uma substância, ainda que não seja um medicamento em caráter compassivo [excepcional], uma coisa que a legislação permite e que está sendo monitorada pela Secretaria Estadual da Saúde”, disse.
Segundo ela, pacientes que não encontraram alternativas no tratamento convencional, conseguiram o acesso à droga depois de acionarem a Justiça. "Os pacientes que se submetem à droga já tentaram todo tipo de tratamento da medicina convencional, não obtiveram resposta e têm morte preconizada”.
Bernadete conta que conseguiu uma melhora importante do seu quadro de saúde com o uso da fosfoetanolamina, iniciado em setembro deste ano. “Meu problema começou a regredir. É comprovado que o câncer, quando atacado, tem uma reação chamada efeito rebote, em que ele se defende e vem com maior intensidade. Isso ocorreu comigo. Meus marcadores pulmonares, que vinham baixando durante o uso da fosfoetanolamina, na ausência dela subiram muito mais rapidamente”, disse.
José Roberto Castanheiro veio ao protesto em favor do irmão, que tem câncer de pulmão. “Meu irmão nunca conseguiu usar a droga, estou lutando para isso. Moro a dez minutos, a pé, da USP, em São Carlos. Conheço várias pessoas que usaram o composto. São amigos meus da igreja, temos um grupo de famílias com pais debilitados com essa doença, estavam fazendo o uso da fosfoetanolamina e viviam a vida tranquilamente até [o medicamento] ser barrado”, disse ele.
Em nota, a USP informou que distribuiu a droga por força de uma decisão judicial. A substância foi estudada de forma independente pelo professor Gilberto Orivaldo Chierice, que não é mais ligado ao Grupo de Química Analítica e Tecnologia de Polímeros. Hoje, Gilberto está aposentado. “Esses estudos independentes envolveram a metodologia de síntese da substância e contaram com a participação de outras pessoas, inclusive pessoas que não têm mais vínculo com a Universidade de São Paulo”, diz a nota.