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Macri anuncia esperada eliminação de impostos ao campo argentino

Macri busca começar sua gestão criando consensos com políticos, patronais agrícolas e industriais de todas as tendências

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Publicado em 14/12/2015 às 18:37
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A fim de aumentar as reservas do Banco Central, o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta segunda-feira (14) a eliminação de impostos às exportações agrícolas e uma grande redução da soja, importante produto neste país conhecido como um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

Em um momento em que se esperam medidas duras, Macri busca começar sua gestão criando consensos com políticos, patronais agrícolas e industriais de todas as tendências depois de ter ganho a presidência com 51% dos votos e com um Congresso controlado pela oposição.

Os impostos às exportações de grãos, que permitiram um sensível aumento da arrecadação, geraram em 2008 uma greve prolongada no campo que causou problemas ao governo de centro esquerda da ex-presidente Cristina Kirchner (2007/2015).

"Hoje vou assinar o decreto de retenção (imposto às exportações) zero para as economias regionais", disse Macri em um ato com os produtores em Pergamino, a 220 km a noroeste de Buenos Aires, em uma das zonas agrícolas mais ricas do país.

Seu ministro da Agricultura, Ricardo Buryaile, afirmou que "as retenções passam a zero para trigo, milho, sorgo, exceto para a soja que passa de 35% para 30%".

Macri cumpre assim uma promessa de campanha. Coloca a Argentina outra vez nos mercados de alimentos, basicamente com trigo e milho, afirmou Horacio Salaverri, presidente da Confederação de Associações Rurais de Buenos Aires e La Pampa (Carbap).

O presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Dardo Chiesa, aposta que as colheitas de trigo e milhão voltarão a "níveis históricos", depois que os cultivos perderam espaço com os impostos aplicados pela ex-presidente Cristina Kirchner.

"O desafio é retornar aos níveis de produção, crescer e dar valor agregado", afirmou Chiesa, prevendo que a "a forte produção de carne também crescerá". 

A medida tem como objetivo incentivar a produção agrícola, mas no curto prazo busca que os produtores e exportadores liquidem o estoque retido, como uma forma de propiciar a entrada de divisas às combalidas reservas do Banco Central, que se encontram abaixo dos 25 bilhões de dólares.

Segundo o novo governo, a redução de receitas aos cofres públicos pelo corte de impostos às exportações será compensada em grande parte pelo aumento dos impostos aos lucros dos produtores.

"Confio em vocês para que possamos duplicar a produção de alimentos na Argentina", declarou Macri aos produtores, pedindo que produzam "mais milho, mais carne, tudo o que somos capazes".

Para ele, a Argentina tem que "deixar de ser a "o seleiro de grãos do mundo", para ser o "supermercado do mundo", em referência a agregar mão de obra à matéria-prima.

As exportações agrícolas globais estimadas para este ano chegam a 25 bilhões de dólares, um terço do total de vendas ao exterior.

 

Campo versus indústria

Macri deu por encerrada a histórica rixa na Argentina entre os interesses dos setores agrícolas e os produtores industriais, ao afirmar que não são antagônicos.

"Primeiramente, não se pode mais pensar as coisas em termos de campo ou indústria, o campo ou o país, é o campo e a indústria, o campo e o país. Porque sem o campo o país não vai para frente", advertiu.

O presidente pretende encontrar-se ainda nesta segunda-feira com a União Industrial Argentina (UIA), onde 1.500 empresários aguardam novidades sobre as promessas de liberação da taxa de câmbio.

As patronais do campo assim como os setores industriais e os exportadores esperam uma desvalorização da moeda e que uma taxa de câmbio única.

O dólar no mercado oficial gira em torno dos 9,78 pesos. ,as no mercado paralelo a moeda americana se aproxima dos 15 pesos, uma diferença de 53%.

O novo ministro de Fazenda, Alfonso Prat-Gay, descartou na sexta-feira passada a iminente liberalização da taxa de câmbio. Os argentinos temem uma desvalorização brusca, mas alertou que algumas medidas "às vezes vão doer".  

Diante da queda de reservas do Banco Central, o fim do que o mercado chama de "banda cambial", vigente desde 2011, só acontecerá quando for possível.

A expectativa de desvalorização após 12 anos de controle cambial nos governos peronistas de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015), disparou a inflação no final de novembro e começo de dezembro. 

A situação econômica "não é crítica, mas temos uma herança complexa", disse o ministro de Fazenda.

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