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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez, nesta quinta-feira (17), um novo apelo ao Congresso para que suspenda o embargo a Cuba, no aniversário de um ano do início da reaproximação diplomática entre Washington e Havana.
Em uma mensagem pelo aniversário do início dos diálogos bilaterais, Obama afirmou que "o Congresso pode apoiar uma vida melhor para os cubanos, suspendendo o embargo, que é o legado de uma política fracassada".
Em vigência há meio século, o embargo comercial e financeiro americano a Cuba se apoia em um complexo emaranhado legal e burocrático codificado em lei, e cuja revisão está nas mãos do Congresso.
Dominadas pelo Partido Republicano, da oposição, as duas Câmaras não dão sinais, contudo, de estarem interessadas em iniciar o delicado processo de desentrave legal.
Há exatamente um ano, depois de um período de contatos secretos, Obama e Raúl Castro anunciaram um histórico processo de diálogo para recompor as relações diplomáticas, em uma iniciativa que recebeu o apoio e o aplauso do mundo.
"Hoje, a bandeira americana ondeia novamente em nossa embaixada em Havana. Hoje, mais americanos visitam Cuba e se relacionam mais com cubanos do que qualquer outro momento nos últimos 50 anos", expressou o presidente em nota distribuída pela Casa Branca.
"As mudanças não ocorrem da noite para o dia", afirmou Obama na nota, admitindo que a normalização completa das relações bilaterais "será uma longa viagem".
O presidente manifestou, porém, que os últimos 12 meses são um "testemunho do progresso que podemos fazer, quando nos conduzimos para um futuro melhor".
"No próximo ano, continuaremos neste caminho, dando poder aos cubanos e americanos para que sejam condutores do processo", completou.
Obama acrescentou que Washington "continua tendo diferenças com as autoridades cubanas, que são tratadas diretamente, e sempre defenderemos os direitos humanos e os valores universais que apoiamos em todo o mundo".
Esperando as mudanças
Em Cuba, os negócios dispararam desde o início da reaproximação entre Havana e Washington, com bares, hotéis e restaurantes cheios e um setor de turismo que espera fechar o ano com um aumento de 17,6%, com 3,2 milhões de visitantes estrangeiros.
Essas mudanças ainda não beneficiam, porém, grande parte dos cubanos, que devem lidar com carências em sua vida cotidiana. Além disso, a aproximação provocou nos últimos meses um aumento dramático das saídas de cubanos para os Estados Unidos - mais de 78% em um ano, segundo o instituto Pew Research Center.
A maioria desses emigrantes teme pela derrogação, nos Estados Unidos, da Lei de Ajuste Cubano. Desde 1966, essa lei concede aos cubanos um tratamento privilegiado de residência e facilidades trabalhistas.
O novo contexto diplomático permitiu a Cuba recuperar sua atratividade econômica, intensificar sua aproximação com a União Europeia e até renegociar sua dívida com o Clube de Paris, que aceitou conceder uma boa parte dos créditos.
Em Cuba, a principal mudança em política pode sair do VII Congresso do Partido Comunista (único), que acontece em abril. Muito esperado, o Congresso deve propiciar a saída da velha-guarda do partido e abrir espaço para uma nova lei eleitoral para a realização de eleições gerais em 2018. Raúl Castro já anunciou que deixará o poder depois disso.