A proximidade das festas natalinas não impediu que os candidatos à presidência dos Estados Unidos acirrassem os ânimos dos debates no fim de ano. Em meio às acusações de parte a parte, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira (21), em uma entrevista de rádio, que o candidato Donald Trump - o mais cotado para a nomeação presidencial republicana - está explorando o ressentimento e ansiedades da classe trabalhadora para dar impulso à sua campanha.
As eleições dos Estados Unidos ocorrerão em novembro de 2016, mas os candidatos dos partidos Democrata e Republicano estão participando de debates pela televisão. O objetivo dos debates é preparar o eleitorado para as eleições primárias, que antecedem o pleito de novembro do ano que vem, para a escolha dos candidatos de cada partido.
O democrata Obama, que está no segundo mandato, não pode concorrer a um terceiro. A mais cotada para concorrer à sucessão pelo Democrata é a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. As eleições primárias serão realizadas em 50 estados norte-americanos, no distrito de Columbia e nos territórios norte-americanos.
Trump vem se firmando como uma grande ameaça para os democratas. De perfil ultraconservador, com comentários agressivos e até ofensivos, Trump tem conquistado mais popularidade entre os republicanos. Exemplo disso foi a sua recente proposta de proibir a imigração de muçulmanos no país. Em razão disso, seu apoio entre os republicanos saltou para 38% em dezembro. Em novembro, o apoio correspondia a 32%, segundo pesquisa do Washington Post-ABC News.
Na entrevista de hoje, Obama deu uma resposta a Trump. O presidente norte-americano argumentou que algumas das críticas que lhe foram dirigidas decorrem do fato de ele ser o primeiro afro-descendente a ocupar a Casa Branca.
Obama refutou as críticas feitas por Trump de que tem sido desleal com os valores ocidentais e de que tem apoiado somente as causas muçulmanas. Em resposta, o presidente norte-americano disse que o Estado Islâmico constitui “desafio sério”. Em uma alusão aos recentes ataques terroristas na França e nos Estados Unidos, Obama acrescentou que o Estado Islâmico “é virulento, é uma organização desagradável que ganhou uma notoriedade em espaços sem governo na Síria e em partes do Oeste do Iraque".
Obama, porém, fez uma ponderação: “É importante para nós mantermos as coisas em perspectiva. [o Estado Islâmico] Não é uma organização que pode destruir os Estados Unidos".
Barack Obama admitiu que a cobertura da mídia em relação ao Estado Islâmico e aos ataques terroristas pode ter provocado ansiedade nos eleitores, que se refletem nos índices de aprovação de candidatos que defendem medidas radicais contra o terrorismo.
O presidente norte-americano rejeitou críticas de candidatos presidenciais republicanos, que têm sugerido "bombardeio" do Estado Islâmico, bem como a sugestão de Hillary Clinton, principal candidata presidencial de seu partido, de que os Estados Unidos estabeleçam uma proibição de voo sobre a Síria. Ele argumentou que isso exigiria a presença muito forte de tropas terrestres e que a medida não seria suficiente para destruir o Estado Islâmico, que não tem uma base terrestre solidamente estabelecida.
Nas últimas entrevistas, Obama tem procurado passar mensagens visando a atrair os eleitores brancos que não têm uma educação universitária. Nas eleições de 2012, Obama recebeu o apoio de apenas 36% dessa faixa do eleitorado. Os republicanos contam com grande apoio desse grupo. No entanto, esse grupo representa uma parte cada vez menor do eleitorado.