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O presidente argentino, Mauricio Macri, interveio nesta quarta-feira (23) na entidade de serviços Audiovisuais, controlada por uma autoridade leal à ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), em outra derivação da velha disputa pela Lei de Meios entre o kirchnerismo e o grupo midiático Clarín.
"Intervenção por decreto. Toma decisões sem se ater às políticas do governo. Está em rebelião", afirmou o ministro das Telecomunicações, Oscar Aguad, em uma coletiva de imprensa.
Enquanto era feito o anúncio oficial, uma forte operação policial foi mobilizada em torno da sede do órgão governamental, onde se concentravam partidários da ex-presidente.
O ministro Aguad explicou que o governo ordenou este dispositivo de segurança especial diante da possibilidade de distúrbios.
Martín Sabbatella, diretor do órgão que foi afastado, disse estar disposto a resistir à medida, amparado na Lei de Meios que lhe confere um mandato até 2017.
"É um atropelo brutal. Aguad expressou que a Lei de Meios tem que desaparecer. Se é assim tem que ir ao Parlamento, revogá-la e fazer outra", havia declarado Sabbatella antes da intervenção à rádio 10.
Por sua resistência, Sabbatella foi aplaudido espontaneamente no domingo ao ser reconhecido quando se dirigia ao último show em um teatro de Buenos Aires do músico de rock Fito Paéz, próximo ao kirchnerismo.
A Lei de Meios foi sancionada em 2009 com o apoio inclusive de setores da oposição, para colocar fim a monopólios midiáticos e abrir licenças de rádio e televisão a organizações sociais.
"Estamos estudando uma convergência tecnológica e de controles", respondeu sem dar detalhes Aguad diante de uma pergunta sobre se impulsionará mudanças na Lei de Meios.
A Lei está impugnada na Justiça pelo grupo Clarín, um dos maiores conglomerados de meios de comunicação da América Latina, o que iniciou a batalha judicial e uma enorme polêmica. A divisão antimonopólio nunca pôde ser aplicada ao grupo Clarín, que apelou aos tribunais.
Os meios de comunicação do Clarín denunciavam que o governo de Kirchner queria silenciá-los e o governo sustentava que a acusação era uma desculpa para defender interesses de grandes grupos econômicos.