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O presidente tcheco, Milos Zeman, declarou no sábado (26) que a atual onda migratória de refugiados que buscam chegar à Europa é uma invasão organizada e afirmou que os jovens iraquianos e sírios que migram deveriam pegar em armas e lutar contra o Estado Islâmico (EI).
"Estou profundamente convencido de que estamos enfrentando uma invasão organizada e que não é um movimento espontâneo de refugiados", afirmou Zeman em sua mensagem de Natal que foi divulgada no sábado. Para o presidente tcheco, a compaixão é possível com os refugiados velhos ou com os doentes e também com as crianças, mas não com os homens jovens, que deveriam ficar em seu país e enfrentar os jihadistas.
"A grande maioria dos migrantes ilegais são homens jovens em bom estado de saúde, e solteiros. Pergunto-me por que estes homens não pegam em armas para lutar pela liberdade de seu país", afirmou Zeman, eleito presidente no início de 2013. Segundo ele, a fuga destas pessoas de seus países atingidos pela guerra só ajuda a reforçar o grupo Estado Islâmico.
O presidente, de 71 anos, também comparou esta situação à dos cidadãos que abandonaram seu país durante a ocupação nazista entre 1939 e 1945. Esta não é a primeira vez em que Zeman faz declarações polêmicas sobre a pior crise migratória vivida pela Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Em novembro, o político compareceu a uma manifestação anti-Islã em Praga na companhia de políticos da extrema direita e de uma unidade paramilitar.
O primeiro-ministro do país, Bohuslav Sobotka, que já criticou anteriormente os comentários do chefe de Estado, afirmou que a mensagem de Natal de Zeman estava baseada "em preconceitos e em sua habitual simplificação das coisas".
Mas os migrantes não são os únicos alvos de Zeman. Ele também já fez declarações polêmicas durante a crise no seio da União Europeia sobre a dívida grega, afirmando que seu país entraria no euro no dia em que Atenas deixasse a união monetária.
Tanto a República Tcheca quanto a Eslováquia, dois países que pertenceram ao eixo soviético e que se uniram à União Europeia em 2014, rejeitaram o sistema europeu de quotas para distribuir os refugiados.
Mais de um milhão de refugiados chegaram à Europa em 2015, muitos deles fugindo da violência em Afeganistão, Iraque e Síria.
A gestão da crise migratória gerou atritos entre os sócios europeus, embora poucos refugiados tenham pedido para ficar na República Tcheca, um país de 10,5 milhões de habitantes.
No entanto, um estudo recente mostrou que cerca de 70% da população se opõe à chegada de migrantes e refugiados ao país.