A Arábia Saudita, onde 47 pessoas foram executadas neste sábado acusadas de terrorismo, tem multiplicado a cada ano o número de execuções, atingindo em 2015 um nível inigualável, de acordo com as organizações de defesa dos direitos humanos.
No ano passado, o reino ultra-conservador cumpriu com a sentença de morte de 153 pessoas, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais, um número muito superior aos 87 executados em 2014.
Estas execuções, geralmente por decapitação com sabre e em público, foram aplicadas a sauditas e estrangeiros.
Terrorismo, assassinato, estupro, assalto à mão armada e tráfico de drogas são passíveis de pena de morte na Arábia Saudita, mas também infrações tais como apostasia, "feitiçaria" e adultério, segundo a Anistia Internacional.
Jihadistas sunitas e xiitas, acusados ??de ter participado de um movimento de contestação contra o regime em 2011, que surgiu em meio ao turbilhão da Primavera Árabe e que foi liderado pelo religioso xiita Nimr Baqer al Nimr, foram, juntos com o líder, condenados e executados neste sábado.
O governo da Arábia Saudita, um país governado por uma versão rígida da sharia (lei islâmica), cita a dissuasão para justificar a pena de morte.
Contudo, as sentenças são muitas vezes pronunciadas "após julgamentos injustos", denuncia a Anistia Internacional em seu relatório de 2014/2015.
O número de execuções aumentou no final do reinado do rei Abdullah, que morreu no dia 23 de janeiro de 2015, e o ritmo se acelerou com a ascensão ao trono de Salman, até alcançar um "ritmo macabro", segundo a Anistia.
Em maio de 2015, o governo chegou a publicar um anúncio para recrutar oito carrascos adicionais e ser capaz de lidar com o aumento das execuções.
As organizações de defesa dos direitos humanos lutam para frear esse aumento nas execuções em um país onde o Judiciário carece de transparência.
Segundo a Anistia, o reino saudita está entre os países que mais aplicam a pena de morte no mundo, junto com China, Irã e os Estados Unidos.