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O chargista Riss, que sobreviveu ao atentado jihadista há um ano contra a redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo, afirmou que a publicação "deve estar onde os outros não ousam ir".
Protegido por cinco guarda-costas, Riss conta com orgulho como os sobreviventes conseguiram fazer a revista renascer, quando os jihadistas já cantavam vitória.
"Um periódico de combate, mas um combate divertido, disparatado, especialmente em prol do laicismo", acrescentou.
A prova disso é a publicação nesta quarta-feira (6) de um número de aniversário, mais ateu e satírico do que nunca, com uma capa que mostra um deus armado e um editorial em defesa do laicismo, escrito por Riss.
"Charlie deve estar onde os outros não ousam ir. Para esta capa, queríamos ressaltar isso e tocar em coisas mais fundamentais. É a ideia em si de um deus que nós, na Charlie, contestamos. Afirmar as coisas claramente faz refletir. É preciso agitar um pouco as pessoas, caso contrário elas permanecem em seus trilhos", explicou.
Desde o atentado de 7 de janeiro, a revista conseguiu sobreviver a "um ano de combates semanais".
"Combates por nossas ideias, e também para demostrarmos que continuamos capazes de fazer isso. É a prova final, na qual vemos se vivemos ou se morremos, se acreditamos em nossas ideias ao ponto de superar este ano e sair vencedores. Se a revista tivesse desaparecido, nossas ideias teriam desparecido um pouco", avalia ainda.
Apesar da chegada de 10 novos colaboradores, o vazio deixado pelos mortos, entre eles os célebres chargistas Cabu, Wolinski, Tignous, Honoré e Charb, continua sendo grande.
"Pensamos neles sem parar. Para mim, não estão aqui, mas não desapareceram', declara.
Riss, que ficou gravemente ferido no atentado, quer que sua revista continue defendendo o laicismo na França e no mundo.