O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou, nesta sexta-feira (8), a autoria de dois ataques suicidas cometidos na véspera na Líbia e que deixaram pelo menos 56 mortos, incluindo um bebê.
A União Europeia, alarmada com o rumo deste país situado na outra margem do Mediterrâneo, prometeu ajuda, inclusive financeira, para combater o terrorismo.
Primeiro, o EI assumiu o ataque contra o posto de controle na cidade petroleira de Ras Lanuf, no leste da Líbia, no qual morreu o bebê.
O ramo líbio do grupo extremista sunita informou em um comunicado que o ataque foi perpetrado por um combatente estrangeiro que utilizou um carro-bomba.
Mais tarde, o grupo jihadista também assumiu, em outro comunicado, o atentado com caminhão-bomba que matou mais de 50 pessoas em um centro de treinamento da polícia em Zliten, 170 km a leste de Trípoli.
O EI afirmou que um suicida conhecido como Abdallah al Muhajair "fez explodir seu caminhão em meio a uma base que pertencia às forças dos apóstatas líbios" e deu um balanço de "cerca de 80 mortos" e 150 feridos.
Este ataque foi o mais sangrento desde a revolução que derrubou em 2011, com a ajuda de uma intervenção internacional, o líder líbio Muammar Khaddafi.
Desde a queda e morte de Khaddafi, executado pelos rebeldes, a Líbia está afundada no caos, com dois governos rivais que disputam o poder: um no leste, reconhecido pela comunidade internacional, e outro na capital Tripoli, ligado à coalizão de milícias Fajr Líbia.
Preocupados com a possibilidade de que os jihadistas estão estabelecendo um novo reduto às portas da Europa, os países ocidentais insistem há meses sobre a urgência de se chegar a uma solução para unir as facções rivais que controlam o país norte-africano.
Em 17 de dezembro, os membros dos dois parlamentos e representantes da sociedade civil líbia assinaram um acordo supervisionado pela ONU para a formação de um governo de unidade nacional com sede em Tripoli.
Esse pacto não conta, no entanto, com o total apoio das duas câmaras, e os líderes dos parlamentos advertiram que os signatários não tinham legitimidade para cumprir os compromissos.
'Unidade é o melhor caminho'
Depois dos atentados de quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou que tais "atos criminosos são um lembrete importante da urgência da implementação do acordo político da Líbia e formar um governo de unidade nacional".
"A unidade é o melhor caminho para que os líbios enfrentem o terrorismo em todas as suas formas", ressaltou Ban.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, vai se reunir nesta sexta-feira com os políticos líbios, incluindo Fayez al-Sarraj, designado como o futuro primeiro-ministro do governo de unidade nacional, segundo o acordo firmado em dezembro.
"O povo da Líbia merece a paz e a segurança, e tem uma grande chance de colocar de lado suas divisões e trabalhar juntos, unidos, contra a ameaça terrorista que o país enfrenta", afirmou Mogherini na quinta-feira.
Nos últimos meses, aproveitando-se da instabilidade que reina no país, o EI conquistou a cidade de Sirte, 450 km a leste de Tripoli, a partir de onde tenta estender seu controle para outras regiões.
Na segunda-feira, o grupo jihadista lançou uma ofensiva contra o campo de petróleo de Ras Lanuf, a leste de Sirte.
Várias autoridades advertiram que o governo líbio poderia ficar paralisado se os jihadistas conseguirem conquistar o controle dos recursos concentrados na região, chamada "lua média do petróleo".
O EI conta com cerca de 3.000 combatentes na Líbia, segundo a França. Em novembro, o promotor do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, assegurou que o grupo realizou pelo menos 27 ataques na Líbia em 2015.