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O chefe do narcotráfico Joaquín "El Chapo" Guzmán voltou no sábado (9) à mesma prisão de onde havia escapado há seis meses. Em um roteiro digno de Hollywood, aparentemente o barão das drogas foi recapturado em parte por sua ambição de aparecer, o que o levou a se encontrar com o ator Sean Penn e outras pessoas em seu esconderijo em outubro de 2015, disse uma autoridade mexicana.
Em artigo publicado no fim do sábado na revista Rolling Stone, Penn relembrou um longo encontro com Guzmán, que havia escapado em julho de uma prisão de segurança máxima mexicana pela segunda vez em 14 anos. Guzmán, conhecido como "El Chapo", ou "Baixinho", queria realizar uma cinebiografia de sua história, segundo o artigo do ator.
A procuradora-geral Arely Gómez disse no fim da sexta-feira que reuniões entre associados de Guzmán com atores e outras pessoas do mundo do cinema haviam ajudado as autoridades a encontrar o fugitivo.
O encontro entre Penn e Guzmán foi intermediado através da estrela do cinema mexicano Kate del Castillo, segundo o artigo do ator. Del Castillo, que atuou como uma líder do narcotráfico na série televisiva "A rainha do sul", estava havia vários anos em contato com Guzmán, trocando mensagens de texto e cartas, segundo Penn.
A procuradora disse que os advogados de Guzmán eram monitorados pelas autoridades, enquanto se reuniam com produtores e atrizes para o projeto cinematográfico. Outro membro do governo mexicano disse que dois atores estavam sob investigação, sem dar detalhes.
Em sua primeira entrevista em décadas, Guzmán admitiu a Penn que era um líder do narcotráfico. "Eu forneço mais heroína, metanfetamina, cocaína e maconha que qualquer um no mundo", disse ele. "Eu tenho uma frota de submarinos, aeronaves, caminhões e barcos."
Guzmán teve uma infância pobre, mas tornou-se o líder de um império a partir do Estado mexicano de Sinaloa, responsável por até um quarto de toda droga traficada para os EUA a partir do México. Várias vezes, o líder criminoso esteve na lista da Forbes das pessoas mais poderosas no mundo.
O escritório da procuradoria-geral disse em comunicado no sábado que reiniciaria os procedimentos para extraditar Guzmán, baseando-se em dois pedidos dos EUA. Um dos advogados dele, Juan Pablo Badillo, disse que seu cliente não poderia ser extraditado, porque é mexicano e o país tem leis adequadas e "uma Constituição justa". O processo de extradição pode levar semanas ou mesmo meses.
"Eu acho que antes da segunda fuga os mexicanos estavam divididos sobre a extradição", disse Guadalupe Correa-Cabrera, especialista no Cartel do Golfo que ensina na University of Texas Rio Grande Valley, em Brownsville. "Mas agora acho que ninguém está contra isso."
O líder do narcotráfico foi detido na sexta-feira. Ele estava escondido na cidade costeira de Los Mochis, em Sinaloa.