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Com greves dos controladores de tráfego aéreo, funcionários públicos, professores e motoristas de táxi, a França vive nesta terça-feira (26) uma forte mobilização social que exige um aumento do poder de compra, e que afetava o tráfego aéreo e a circulação em torno de Paris.
Os primeiros incidentes ocorreram no início da manhã no oeste da capital, onde os taxistas interromperam a circulação periférica, a estrada que circunda Paris, e queimaram pneus.
Dezenove manifestantes foram presos, segundo a polícia.
Os agentes da polícia precisaram intervir para retirar as barricadas improvisadas e restaurar a circulação, enquanto alguns manifestantes lançavam pedras.
A greve dos táxis provocava perturbações no tráfego em torno de Paris e dos aeroportos Charles de Gaulle e Orly, onde vários incidentes foram relatados na parte da manhã, e em outras cidades francesas, incluindo Toulouse, Marselha (sul) e Lille (norte).
Um manifestante ficou ferido em Orly ao ser atropelado por um veículo que tentou forçar uma barreira dos grevistas. O motorista, preso pela polícia, explicou que acelerou contra os manifestantes por ter sido tomado pelo pânico. A vítima sofreu ferimentos na perna.
A situação foi controlada depois deste acidente, mas os manifestantes continuam a sua ação, com uma barreira na saída de Orly.
Milhares de motoristas de táxi foram chamados a aderir a mobilização em toda a França.
'Vai ser quente!'
"Isto vai ser quente", advertiu um porta-voz dos sindicatos dos taxistas, Karim Asnoun. A greve será "longa e muito dura", afirmou por sua vez Serge Metz, presidente da Taxis G7, uma das maiores empresas do setor na França.
Os motoristas de táxi estão protestando contra o que eles veem como concorrência desleal por parte de empresas de veículos particulares com motoristas. Em junho de 2015, os taxistas franceses já haviam se mobilizado pela mesma razão, concentrando as suas críticas sobre o UberPop, uma subsidiária da empresa americana VTC Uber.
O UberPop foi banido na França, mas os taxistas ainda denunciam os "excessos" do setor.
Este movimento coincide com a chamada à greve aos mais de cinco milhões e meio de funcionários públicos franceses.
Submetidos a um regime de austeridade há mais de cinco anos, os funcionários reclamam um aumento no poder de compra. Seus sindicatos convocaram uma greve e manifestações.
Entre 110 e 120 manifestações estão previstas em todo o território da França, aos quais também devem participar professores, mobilizados contra uma reforma da educação.
Além do declínio do poder aquisitivo, os sindicatos dos funcionários públicos denunciam "a perda de postos de trabalho em setores-chave da função pública".
Eles argumentam que, embora o governo tenha anunciado contratações para 2016 nas áreas de segurança (polícia, justiça) após os ataques em Paris, e também na educação, os funcionários "perderam globalmente 150.000 empregos desde 2007".
Desta forma, eles exigem "criações líquidas de emprego no setor público", particularmente nos hospitais.
Os principais sindicatos dos controladores de tráfego aéreo também convocaram uma greve como parte da mobilização dos funcionários públicos.
A Direção da Aviação Civil francesa pediu às companhias aéreas que anulem preventivamente nesta terça-feira 20% dos seus voos. O organismo indicou que espera "perturbações em todo o país".
A ministra da Função Pública, Marylise Lebranchu, reiterou nesta terça-feira que os funcionários não devem esperar uma "grande aumento" na negociação salarial planejada para fevereiro, mas acrescentou que "escuta" a suas demandas.
Por sua parte, o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez, ressaltou que estas greves têm "um slogan comum: a questão do poder de compra. Incluindo para os motoristas de táxi".