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A contragosto e com muita desconfiança, o governo de Damasco e a oposição síria pretendem dar uma oportunidade à diplomacia e estabelecerão um diálogo nesta segunda-feira (1º) com a ONU, que busca uma solução após quase cinco anos de guerra civil.
Os inimigos sírios ainda estão longe de uma conversa frente a frente. No entanto, aceitaram ser recebidos de maneira formal pelo emissário da ONU, Staffan de Mistura, no Palácio das Nações Unidas em Genebra.
A delegação do regime será recebida durante a manhã. O Alto Comitê de Negociações (ACN), uma ampla coalizão de opositores políticos e representantes de grupos armados, deve conversar com o representante da ONU à tarde.
Staffan de Mistura deseja iniciar um diálogo indireto entre as partes, com diplomatas que levarão mensagens de um lado ao outro. O processo pode demorar até seis meses, um prazo fixado pela ONU para estabelecer uma autoridade de transição, que organizaria eleições em meados de 2017.
As negociações, iniciadas na sexta-feira (29) entre a ONU e o governo de Bashar al-Assad, não decolaram realmente e o processo permanece sob a ameaça do fracasso, antes mesmo do começo, já que a oposição deseja medidas humanitárias que o regime não concede.
Ao mesmo tempo, os combates, os bombardeios, os atentados e a fome permanecem como a realidade diária dos sírios. No domingo (31), pelo menos 70 pessoas morreram em um ataque perto do santuário xiita de Sayeda Zeinab, perto de Damasco, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
"Sejamos realistas. Viemos de muito longe e temos aqui pessoas que não se falam há dois anos (quando as primeiras conversações aconteceram entre as partes em 2014). Nestes dois anos, os horrores continuaram e a situação piorou", resume um diplomata ocidental.
A comunidade internacional tenta encontrar uma solução negociada para a guerra na Síria, que desde março de 2011 provocou mais de 260.000 mortes e obrigou milhões de pessoas a fugir do país.