Os esforços do Papa Francisco para mostrar que é rigoroso quando o assunto é abuso sexual clerical sofreu um golpe neste sábado, depois que um sobrevivente de alto perfil tirou uma licença da comissão consultiva do pontífice. Peter Saunders, um advogado britânico para os sobreviventes, tem criticado duramente o ritmo lento do progresso do Vaticano em tomar medidas para proteger as crianças e punir bispos que encobriram padres pedófilos.
Durante reunião da comissão deste sábado, o Vaticano disse que "foi decidido que Peter Saunders tiraria uma licença de sua função como membro para avaliar como ele poderia melhor apoiar o trabalho da comissão".
Com sua saída, resta na comissão apenas uma outra sobrevivente de abusos, Marie Collins. O grupo foi formado em 2013 para aconselhar o Vaticano sobre proteção de crianças e educação do pessoal da igreja e dos paroquianos a respeito de abusos. A comissão demorou para decolar, mas deu um grande passo ano passado, quando propôs com sucesso que o Vaticano criasse um tribunal interno para ouvir casos de bispos acusados de falhar em proteger seus rebanhos.
A falta de prestação de contas dos bispos provocou anos de críticas por parte de vítimas de abusos e grupos de defesa, que consideravam que o Vaticano falhou em punir ou forçar a remoção de bispos que mudavam os padres predadores de paróquia em paróquia em vez de denunciá-los à polícia ou removê-los do ministério.
O Vaticano não divulgou informações sobre o progresso do tribunal desde que anunciou que o papa havia concordado com a sua criação. A comissão em geral, e Saunders em particular, criticaram duramente a decisão de Francisco de nomear um bispo chileno apesar das acusações por parte de sobreviventes de abuso de que ele teria acobertado o mais famoso pedófilo do país. O bispo negou a acusação e Francisco manteve a nomeação.
A comissão insistiu que a missão do grupo não é intervir em casos individuais, mas elaborar orientações políticas para a igreja.