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Presidente turco ameaça enviar refugiados sírios de volta à Europa

Esta iniciativa foi solicitada por Grécia e Turquia, dois países separados pelo Egeu, mar que constitui uma das principais vias tomadas pelos migrantes para entrar na Europa

Da AFP
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Publicado em 11/02/2016 às 12:40
Foto: ATTILA KISBENEDEK/AFP
Esta iniciativa foi solicitada por Grécia e Turquia, dois países separados pelo Egeu, mar que constitui uma das principais vias tomadas pelos migrantes para entrar na Europa - FOTO: Foto: ATTILA KISBENEDEK/AFP
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O presidente islamita conservador turco, Recep Tayyip Erdogan, farto dos apelos para que abra a fronteira da Turquia a novos refugiados sírios, ameaçou enviar à Europa os centenas de milhares que já estão em seu país.

"Não tenho a palavra 'idiota' escrita na testa. Vamos ser pacientes, mas faremos o que for necessário. Não acreditem que os aviões e os ônibus estão ali sem utilidade", disse Erdogan, visivelmente irritado, em um discurso em Ancara diante de empresários.

Pouco depois, em Bruxelas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou que uma missão naval aliada sob comando alemão iria se dirigir sem mais tardar ao mar Egeu para "ajudar a lutar contra o tráfico humano" de migrantes.

Esta iniciativa foi solicitada por Grécia e Turquia, dois países separados pelo Egeu, mar que constitui uma das principais vias tomadas pelos migrantes para entrar na Europa, com frequência colocando suas vidas em risco.

Esta operação de vigilância fronteiriça constitui uma mudança inédita nas missões da Otan, criada como uma organização militar de defesa. Até agora a Otan havia se recusado a se envolver diretamente na pior crise migratória na Europa desde 1945.

Erdogan também confirmou as negociações reveladas pela imprensa com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nas quais ameaçou enviar os migrantes à Europa se não recebesse uma soma suficiente para mantê-los em solo turco.

"Estou orgulhoso de ter dito isso. Defendemos os direitos da Turquia e dos refugiados (...) Dissemos (aos europeus): 'Sentimos muito, abriremos as portas e diremos adeus aos migrantes'", explicou Erdogan.

Esta conversa, que ocorreu em novembro passado durante o G20 de Antalya (sul da Turquia), foi citada pelo site grego Euro2day, que se referiu a "ameaças brutais" contra os europeus por parte do homem forte da Turquia.

 

Soma módica

Segundo este site, Erdogan considera "módica" a soma de 3 bilhões de euros proposta pela União Europeia (UE), quando seu país gastou 8 bilhões de euros apenas em campos de refugiados.

A UE aprovou em 3 de fevereiro as modalidades de financiamento de um fundo de 3 bilhões destinado aos 2,7 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia, que foi prometido em troca de que Ancara freie o fluxo migratório à Europa.

Desde 1º de fevereiro o regime de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia, lançou uma violenta ofensiva contra os rebeldes da província de Aleppo (norte), que deixou 500 mortos e provocou o êxodo de 30.000 pessoas à fronteira turca.

Estes refugiados, que fogem das bombas, estão reunidos em condições desumanas ante o posto fronteiriço turco de Oncupinar (província turca de Kilis, sul), que permanece fechado.

A Turquia, apoiada por várias ONGs, preferiu ajudar os refugiados em território sírio, enviando a eles toneladas de ajuda humanitária e deixando apenas as pessoas doentes entrarem.

"Nós nos preparamos para o pior", reiterou nesta quinta-feira o presidente turco, que disse que até 600.000 civis podem chegar às portas da Turquia se a ofensiva contra Aleppo não cessar. Também acusou a Rússia, país aliado do regime de Assad e com o qual a Turquia mantém atualmente uma séria crise diplomática, de ser o primeiro responsável pela situação na Rússia.

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