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Pequim posicionou mísseis terra-ar em uma ilha disputada no Mar da China meridional, denunciaram as autoridades de Taiwan nesta quarta-feira (17). A China, por sua parte, alegou ter o direito de construir sistemas de defesa nessa região estratégica.
O ministro taiwanês da Defesa confirmou a existência do dispositivo ao reagir a uma reportagem do canal americano Fox News, que tratou da instalação de mísseis terra-ar na ilha de Woody (chamada Yongxing em chinês), no arquipélago Paracelso.
Esse anúncio acontece um dia após o presidente Barack Obama pedir a adoção de medidas para reduzir as tensões na zona. O clima delicado nessa região pela qual transita um terço do transporte mundial de petróleo aumentou desde que a China transformou alguns recifes do arquipélago de Pratly, mais ao sul, em ilhas artificiais capazes de receber instalações militares.
Os Estados Unidos consideram essa iniciativa uma ameaça à livre circulação e, nos últimos meses, enviaram navios de guerra para perto dessas pequenas ilhas para reafirmar seus direitos de navegação.
Aviões australianos sobrevoam regularmente a zona. A China controla desde os anos 70 o conjunto do arquipélago das ilhas Paracelso ("Xisha"), também reivindicadas por Vietnã e Taiwan.
A Fox News afirmou na véspera que imagens de satélite mostravam a presença de duas baterias de oito lançadores de mísseis terra-ar e um sistema de radar em Woody.
"O ministério da Defesa teve conhecimento de um sistema aérea posicionado pelos comunistas chineses na ilha de Yongxing", confirmou um porta-voz do ministério da Defesa de Taiwan.
Por sua parte, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, não desmentiu explicitamente a presença de mísseis na ilha.
"As instalações de defesa que a China construiu nas ilhas são coerentes com o direito que a China tem de assegurar sua proteção e sua defesa dentro do direito internacional", declarou o ministro.
Os mísseis instalados na ilha são aparentemente do tipo HQ-9 de fabricação chinesa, com um alcance de 200 km, segundo artigos da imprensa.
"Os HQ-9 de longo alcance podem exacerbar o nervosismo dos países vizinhos, em particular o Vietnã", afirmou Kevin Cheng, chefe de redação da revista Asia-Pacific Defense, baseada em Taipé, capital de Taiwan.
"A mobilização militar pode ser vista como uma resposta ao pedido dos Estados Unidos à liberdade de navegação na zona", acrescentou.
Isso pode dar aos Estados Unidos mais pretextos para se envolver, disse ainda.
Esta semana, Obama recebeu os dirigentes dos dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Alguns dirigentes expressaram ao presidente americano sua preocupação pelas desavenças marítimas com a China, que geram uma tensão crescente.
Foi quando Obama pediu as medidas urgentes para diminuir a tensão no Mar da China, o cessar de "qualquer nova construção e o fim da desmilitarização das zonas em disputa".
Em uma declaração conjunta, Obama e os dirigentes da Asean exigiram uma solução pacífica de todos os litígios marítimos da região.