EUA

Obama fará viagem histórica a Cuba

Presidente norte-americano e esposa realizarão a viagem nos dias 21 e 22 de março

Da AFP
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Publicado em 18/02/2016 às 20:43
Foto: Saul Loeb Pool/ Agência Lusa
Presidente norte-americano e esposa realizarão a viagem nos dias 21 e 22 de março - FOTO: Foto: Saul Loeb Pool/ Agência Lusa
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, viajará a Cuba em março, uma visita que será histórica e reafirmará a aproximação entre os países após meio século de tensões.

Obama e sua esposa, Michelle, realizarão nos dias 21 e 22 de março a viagem a Cuba, a primeira de um presidente americano à ilha desde 1928, segundo informou nesta quinta-feira a Casa Branca.

De acordo com a Casa Branca, em Havana, o presidente dos Estados Unidos deve se reunir com o cubano Raúl Castro e manter contatos "com membros da sociedade civil, empresários e cubanos comuns".

Na mesma nota, o Executivo americano apontou que durante a viagem, Obama se propõe a "expressar nosso apoio aos direitos humanos", sugerindo que o tema poderia ser incluído na agenda com o líder cubano.

No entanto, a Presidência americana não trabalha com a hipótese de um encontro entre Obama e o líder cubano Fidel Castro.

Entre os temas na agenda do encontro com o presidente cubano estão como impulsionar o comércio bilateral, a onda de migrantes cubanos para o território americano e a base naval que os Estados Unidos mantêm em Guantánamo.

Após essa visita, Obama e sua esposa vão visitar nos dias 23 e 24 de março Buenos Aires, onde o presidente americano se reunirá com o novo presidente argentino, Mauricio Macri, para tratar o aprofundamento das relações bilaterais, de acordo com a Casa Branca.

"No próximo mês, viajarei a Cuba para avançar com nossos progressos e esforços para melhorar a vida do povo cubano", afirmou o presidente no Twitter.

"Ainda temos diferenças com o governo de Cuba e vou tratar delas diretamente. Os Estados Unidos sempre se colocarão ao lado dos direitos humanos em todo o mundo", acrescentou em outra de suas mensagens.

Para a diretora dos Estados Unidos da chancelaria cubana, Josefina Vidal, "esta visita será mais um passo no sentido de melhorar as relações entre Cuba e os Estados Unidos".

Ela acrescentou que o "presidente americano será recebido pelo governo de Cuba e seu povo com a hospitalidade que o caracterizam".

Com a viagem a Havana, Obama, que deixará o poder em menos de um ano, será o primeiro presidente americano a pisar em território cubano desde a revolução castrista de 1959.

Após o anúncio da aproximação entre Washington e Havana, em dezembro de 2014, os dois países restabeleceram as relações diplomáticas em julho de 2015.

O secretário de Estado John Kerry viajou a Havana em agosto do ano passado para a reabertura da embaixada americana.

O presidente democrata expressou em diversas ocasiões o desejo de visitar Cuba, mas destacou que não o interessava que isto servisse "apenas para validar o status quo".

"O que disse ao governo cubano é que 'se observarmos claramente progressos nas liberdades dos cubanos comuns, ficaria feliz em viajar para colocar estes progressos em evidência'", afirmou Obama em dezembro ao Yahoo! News.

'Ditadura comunista'

O anúncio da visita provocou críticas no campo republicano, durante as primárias para as eleições presidenciais de novembro.

O pré-candidato republicano à Casa Branca Marco Rubio, nascido em Miami e filho de pais cubanos, afirmou que se fosse presidente não visitaria a ilha enquanto esta não fosse "livre".

"Não há eleições em Cuba... Hoje, um ano e dois meses depois da abertura a Cuba, o governo cubano continua sendo tão repressivo como sempre", disse Rubio a CNN, antes de chamar o regime de Havana de "uma ditadura comunista antiamericana".

O senador Ted Cruz, também na disputa republicana, criticou a iniciativa de Obama e lamentou que o presidente "permita que bilhões de dólares sigam para tiranos que detestam os Estados Unidos".

Nos últimos 50 anos, centenas de milhares de cubanos emigraram para os Estados Unidos.

Embora os emigrados "políticos" do início da revolução continuem contrários a qualquer aproximação com Havana, muitos imigrantes recentes mantêm fortes vínculos com a ilha e receberam de maneiro muito mais favorável o anúncio do degelo.

Em 17 de dezembro de 2014, Obama anunciou de maneira surpreendente a vontade de iniciar um "novo capítulo" com Cuba, constatando o fracasso da política americana de isolamento do regime comunista aplicada durante meio século.

"Todos somos americanos", disse Obama em espanhol após uma conversa por telefone com o presidente cubano Raúl Castro.

O 44º presidente dos Estados Unidos pediu repetidamente desde então a normalização das relações, com uma solicitação ao Congresso para retirar o embargo imposto a Cuba por John F. Kennedy em 1962 e severamente reforçado com a lei Helms-Burton de 1996.

"Cinquenta anos isolando Cuba não conseguiram promover a democracia e nos fizeram retroceder na América Latina", disse Obama aos adversários republicanos durante seu último discurso do Estado da Nação, há algumas semanas.

"Querem reforçar nossa liderança e nossa credibilidade no continente? Admitam que a Guerra Fria terminou. Suspendam o embargo", completou. Os voos comerciais diários entre Estados Unidos e Cuba, interrompidos durante mais de 50 anos, serão retomados em breve, anunciaram os países esta semana. Depois de visitar Cuba, Obama prosseguirá viagem para Argentina.

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