Em visita ao Brasil, o patriarca ortodoxo russo Kirill participou na manhã deste sábado (20) de cerimônia no Santuário Cristo Redentor, no alto do morro do Corcovado, onde foi recebido pelo cardeal d. Orani Tempesta. No último dia 12, o religioso esteve com o Papa Francisco em Havana, em histórico encontro entre líderes das igrejas do Ocidente e do Oriente.
A oração acompanhada por fiéis e turistas que visitavam o monumento começou às 11h10 e durou 45 minutos. O patriarca russo pediu a renovação da fé cristã, mencionou a perseguição de cristãos no Oriente Médio e na África, a falta de unidade no combate ao terror, além de criticar o aborto, o número crescente de divórcios e o que chamou de "rejeição ao conceito de matrimônio como união entre homem e mulher".
"Estou contente em pronunciar essas palavras no Brasil, o maior país católico. Ortodoxos e católicos podem responder conjuntamente a esses desafios", disse Kirill.
A cerimônia ortodoxa faz parte da agenda do patriarca russo no País, onde passa por Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Na sexta-feira (19), Kirill se reuniu com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, na capital federal. A recepção no gabinete da presidente foi aberta apenas para a realização de imagens. Em seguida Dilma e o patriarca tiveram uma reunião fechada.
"O patriarca pediu para vir ao Cristo rezar pela paz do mundo, pelos perseguidos e, daqui, mandar uma mensagem de entendimento entre as religiões, entre os cristãos, católicos e ortodoxos. Estamos dispostos a trabalhar para que a sociedade tenha mais paz e, como na conversa (de Kirill) com o Papa Francisco, evitar futuras guerras", disse d. Orani.
A Arquidiocese do Rio tem a tradição de realizar encontros ecumênicos, mas este foi o primeiro com representante da igreja ortodoxa. Após o evento no Corcovado, Kirill visitaria a Paróquia Ortodoxa Santa Zenaide, em Santa Teresa, na região central. Na sequência, ele embarcaria na Base Aérea do Galeão para São Paulo, onde encerrará neste domingo (21) a agenda no Brasil.
O recente encontro entre o papa Francisco e o patriarca Kirill foi o primeiro entre representantes dos dois ramos do cristianismo desde sua separação, em 1054. Os dois pediram o fim do massacre de cristãos no Oriente Médio, principalmente na Síria e no Iraque, onde os fiéis são alvos de radicais do Estado Islâmico.
As conversas entre os líderes das duas igrejas também avançaram no sentido de que as igrejas católica e ortodoxa se unam na defesa do cristianismo. A Igreja Ortodoxa russa reúne 150 milhões de seguidores em todo o mundo. No Brasil, o número é estimado entre 3 mil e 4 mil fiéis.