REFUGIADOS

UE anuncia plano de ajuda humanitária de setecentos milhões de euros por crise migratória

As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Balcãs bloquearam milhares de migrantes na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária

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Publicado em 02/03/2016 às 14:30
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As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Balcãs bloquearam milhares de migrantes na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária - FOTO: Foto: AFP
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A União Europeia propôs nesta quarta-feira (2) um plano de assistência humanitária de 700 milhões de euros aos países membros que enfrentam o afluxo maciço de migrantes, enquanto milhares de pessoas permanecem bloqueadas na fronteira greco-macedônia.

As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Balcãs bloquearam milhares de migrantes na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária segundo a ONU.

Incapazes de dar uma resposta coordenada à crise, os europeus estão em uma situação cada vez mais crítica, com mais de 130.000 migrantes que chegaram na Europa pelo Mediterrâneo desde janeiro.

"É uma crise que testa a nossa União em seus limites", reconheceu nesta quarta o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Ele falou durante uma visita a Croácia, etapa de um giro pelos Balcãs que deve terminar na quinta e sexta-feira na Turquia, antes de uma cúpula extraordinária sobre a crise.

À espera de uma ação de Ancara para frear a partida de migrantes, a Comissão Europeia anunciou um projeto sem precedentes, a fim de fornecer ajuda humanitária de emergência aos países mais pobres e membros da UE na linha de frente nesta crise.

"A proposta de hoje disponibilizará 700 milhões de euros para ajuda humanitária onde ela é mais necessária", indicou o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianide.

O pacote deverá ser dividido em três anos, sendo 300 milhões destinados em 2016.

Este montante será destinado "principalmente para a Grécia, porque é neste país que a crise humanitária é mais grave", assegurou Stylianides, pedindo aos Estados membros e o Parlamento europeu que apoiem "rapidamente" a proposta.

A Grécia, que enfrenta uma situação insustentável na sua fronteira com a Macedônia, onde milhares de migrantes permanecem bloqueados, disse que necessita de 480 milhões de euros para acomodar 100.000 refugiados.

Atenas reconheceu na terça-feira "que não será capaz de gerir todos os refugiados que chegam". Atualmente, o país acolhe 23.000 migrantes.

Na França, rota tomada pelos migrantes que aspiram chegar ao Reino Unido, as autoridades continuavam nesta quarta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com o desmantelamento parcial do campo de refugiados chamado de a "selva" de Calais, depois de uma noite relativamente calma, apesar de vários barracos terem sido incendiados.

Ignora-se se os incêndios foram acidentais ou voluntários.

O acampamento abriga entre 800 e 1.000 imigrantes, segundo o governo, e 3.450, de acordo com associações.

Passagem a conta-gotas

Mais de 7.000 migrantes seguiam bloqueados nesta quarta-feira no posto fronteiriço de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedônia, depois que vários países impuseram restrições à entrada de migrantes.

A Macedônia abriu brevemente na terça à noite sua fronteira com a Grécia e deixou entrar em seu território cerca de 250 refugiados sírios e iraquianos: um primeiro grupo de 170 refugiados durante a noite, mais 80 ao longo do dia.

Na segunda-feira, um grupo de 300 pessoas, incluindo iraquianos e sírios, tentaram forçar a cerca de arame farpado. A polícia macedônia respondeu com gás lacrimogêneo.

A Comissão Europeia manifestou a sua preocupação com estes incidentes, mas a Macedônia justificou sua resposta, argumentando uma "tentativa violenta" de intrusão.

A situação nos arredores de Indomeni é cada vez pior. "Entre sexta-feira e domingo, o campo passou de 4.000 a 8.000 pessoas. Agora, temos mais de 9.000", explica Jean-Nicolas Dangelser, responsável logístico da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na zona, que administra a distribuição de refeições, que chega a 30.000 por dia.

A Macedônia é o primeiro país na rota dos Bálcãs, utilizada por migrantes que chegam às ilhas gregas a partir da costa turca e que desejam se dirigir aos países da Europa do Norte e Central.

Na Itália, outro país de entrada, uma dúzia de associações denunciou o tratamento aos migrantes nos chamados "hotspots", os centros de registo criados a pedido de Bruxelas.

Enquanto isso, de acordo com fontes diplomáticas, navios da Otan enviados ao Mar Egeu para monitorar as redes de tráfico de migrantes entre a Turquia e a Grécia ainda não foram implantados nas águas territoriais turcas, na ausência de autorização de Ancara.

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