A União Europeia propôs nesta quarta-feira (2) um plano de assistência humanitária de 700 milhões de euros aos países membros que enfrentam o afluxo maciço de migrantes, enquanto milhares de pessoas permanecem bloqueadas na fronteira greco-macedônia.
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As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Balcãs bloquearam milhares de migrantes na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária segundo a ONU.
Incapazes de dar uma resposta coordenada à crise, os europeus estão em uma situação cada vez mais crítica, com mais de 130.000 migrantes que chegaram na Europa pelo Mediterrâneo desde janeiro.
"É uma crise que testa a nossa União em seus limites", reconheceu nesta quarta o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Ele falou durante uma visita a Croácia, etapa de um giro pelos Balcãs que deve terminar na quinta e sexta-feira na Turquia, antes de uma cúpula extraordinária sobre a crise.
À espera de uma ação de Ancara para frear a partida de migrantes, a Comissão Europeia anunciou um projeto sem precedentes, a fim de fornecer ajuda humanitária de emergência aos países mais pobres e membros da UE na linha de frente nesta crise.
"A proposta de hoje disponibilizará 700 milhões de euros para ajuda humanitária onde ela é mais necessária", indicou o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianide.
O pacote deverá ser dividido em três anos, sendo 300 milhões destinados em 2016.
Este montante será destinado "principalmente para a Grécia, porque é neste país que a crise humanitária é mais grave", assegurou Stylianides, pedindo aos Estados membros e o Parlamento europeu que apoiem "rapidamente" a proposta.
A Grécia, que enfrenta uma situação insustentável na sua fronteira com a Macedônia, onde milhares de migrantes permanecem bloqueados, disse que necessita de 480 milhões de euros para acomodar 100.000 refugiados.
Atenas reconheceu na terça-feira "que não será capaz de gerir todos os refugiados que chegam". Atualmente, o país acolhe 23.000 migrantes.
Na França, rota tomada pelos migrantes que aspiram chegar ao Reino Unido, as autoridades continuavam nesta quarta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com o desmantelamento parcial do campo de refugiados chamado de a "selva" de Calais, depois de uma noite relativamente calma, apesar de vários barracos terem sido incendiados.
Ignora-se se os incêndios foram acidentais ou voluntários.
O acampamento abriga entre 800 e 1.000 imigrantes, segundo o governo, e 3.450, de acordo com associações.
Passagem a conta-gotas
Mais de 7.000 migrantes seguiam bloqueados nesta quarta-feira no posto fronteiriço de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedônia, depois que vários países impuseram restrições à entrada de migrantes.
A Macedônia abriu brevemente na terça à noite sua fronteira com a Grécia e deixou entrar em seu território cerca de 250 refugiados sírios e iraquianos: um primeiro grupo de 170 refugiados durante a noite, mais 80 ao longo do dia.
Na segunda-feira, um grupo de 300 pessoas, incluindo iraquianos e sírios, tentaram forçar a cerca de arame farpado. A polícia macedônia respondeu com gás lacrimogêneo.
A Comissão Europeia manifestou a sua preocupação com estes incidentes, mas a Macedônia justificou sua resposta, argumentando uma "tentativa violenta" de intrusão.
A situação nos arredores de Indomeni é cada vez pior. "Entre sexta-feira e domingo, o campo passou de 4.000 a 8.000 pessoas. Agora, temos mais de 9.000", explica Jean-Nicolas Dangelser, responsável logístico da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na zona, que administra a distribuição de refeições, que chega a 30.000 por dia.
A Macedônia é o primeiro país na rota dos Bálcãs, utilizada por migrantes que chegam às ilhas gregas a partir da costa turca e que desejam se dirigir aos países da Europa do Norte e Central.
Na Itália, outro país de entrada, uma dúzia de associações denunciou o tratamento aos migrantes nos chamados "hotspots", os centros de registo criados a pedido de Bruxelas.
Enquanto isso, de acordo com fontes diplomáticas, navios da Otan enviados ao Mar Egeu para monitorar as redes de tráfico de migrantes entre a Turquia e a Grécia ainda não foram implantados nas águas territoriais turcas, na ausência de autorização de Ancara.