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Guerra na Síria alimenta tráfico de captagon, a droga dos combatentes

Fabricada à base de anfetaminas, a droga é usada como psico-estimulante para diminuir o medo

Da AFP
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Publicado em 04/03/2016 às 20:00
Foto: ABDULMONAM EASSA / AFP
Fabricada à base de anfetaminas, a droga é usada como psico-estimulante para diminuir o medo - FOTO: Foto: ABDULMONAM EASSA / AFP
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O caos na Síria impulsionou no país e no vizinho Líbano a fabricação e o tráfico de captagon, uma droga destinada a combatentes e consumida nos países do Golfo.

Fabricado à base de anfetaminas, o captagon, uma das drogas mais populares do oriente Médio, é usado como psico-estimulante para diminuir o medo e são atribuídas a ele propriedades afrodisíacas.

Nos últimos meses, os serviços de segurança sírios e libaneses travaram uma luta contra esta droga, produzida em locais onde as autoridades locais fazem vista grossa ou simplesmente inexistem.

"Quando a crise começou na Síria, este país e o Líbano se tornaram passarelas para o tráfico de captagon", explicou à AFP uma autoridade libanesa de segurança, que pediu para ter sua identidade preservada.

"A invenção desta substância não remonta, certamente, aos últimos anos, mas quando o tráfico explodiu, o Líbano se tornou um país exportador", acrescentou.

O captagon consta da lista do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC) como uma "anfetamina de tipo estimulante". Normalmente é misturada com cafeína e outras substâncias.

Em 30 de dezembro passado, autoridades libanesas anunciaram ter apreendido, em coordenação com a Arábia Saudita, de 12 milhões de cápsulas de captagon e detido o "cérebro" da célula encarregada da exportação para o Golfo.

Dois meses antes, foi detido no aeroporto de Beirute um príncipe saudita e outros quatro cidadãos do reino que se dispunham a deixar o país com quase duas toneladas desta anfetamina.

 

'PROPAGAR ESTE VENENO'

O general Maamun Amuri, chefe da agência síria antinarcóticos, sente-se orgulhoso de ter apreendido em 2015 vinte e quatro milhões de cápsulas, das quais cinco milhões foram confiscadas no aeroporto de Tartus (oeste). Destinavam-se ao Kuwait.

Na Síria, assolada pela guerra, as autoridades asseguram que o captagon é uma substância produzida nas regiões sob controle dos rebeldes, sobretudo no norte do país e perto de Damasco.

Estes grupos "querem propagar este veneno em regiões controladas pelo Estado para se financiar e comprar armas", assegurou o oficial sírio.

"Em seguida, fornecem a droga aos seus combatentes para torná-los insensíveis, por exemplo, às decapitações e às execuções", explicou.

Um ex-rebelde refugiado no Líbano admitiu à AFP que consumia este estimulante com seus companheiros de armas porque "eliminava o cansaço e o medo".

Segundo um combatente rebelde sírio, "o grupo Estado Islâmico e a Frente al Nosra (braço sírio da Al Qaeda), além dos grupos islamitas, proíbem o uso destas drogas porque é contrário à lei islâmica", mas as fabricam para se financiar.

 

ENTRE 5 E 10 DÓLARES A CÁPSULA

No Líbano, os laboratórios onde se produz captagon estão concentrados ao longo da fronteira com a Síria, no leste ou no norte, segundo a fonte de segurança.

"Não é preciso muito espaço para fabricá-lo. É possível produzir silenciosamente milhões de cápsulas em uma van", admite uma segunda fonte de segurança.

Um produtor de captagon na colina da Bekaa libanesa (nordeste), que não quer ser identificado, assegura que os traficantes compram dele caixas com 200 cápsulas cada.

"Para elaborar captagon, precisa-se de anfetaminas às quais se adiciona álcool e ácido cítrico", detalha.

Em seguida, os ingredientes são secos e colocados em uma empacotadora usada normalmente para endurecer caramelos. Posteriormente, exportam-se pelo aeroporto e o porto de Beirute.

"O captagon não é popular no Líbano e a demanda é bastante menor do que a das outras drogas devido ao seu alto preço, entre 5 e 10 dólares por cápsula (4,6 a 9,2 euros)", diz um encarregado libanês.

"Os países do Golfo são os principais consumidores, especialmente a Arábia Saudita, aonde se destina a maior parte da mercadoria", afirma. "Consomem muito porque acreditam que é um estimulante sexual".

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