O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pronunciará na próxima terça-feira (22), em Havana, um histórico discurso dirigido ao povo cubano, no qual se propõe a expor sua visão sobre o futuro da relação bilateral, informou a Casa Branca.
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O discurso de Obama "será um momento muito importante" de sua visita a Cuba, afirmou em entrevista coletiva Ben Rhodes, assessor do presidente americano e um dos negociadores iniciais da reaproximação entre os dois países.
Obama fará o discurso no tradicional teatro Alicia Alonso de Havana, disse Rhodes, acrescentando que, até o momento, as autoridades cubanas não expressaram qualquer objeção sobre sua transmissão "ao vivo" por rádio e TV na Ilha.
No discurso, Obama se propõe a "descrever o atual curso das relações, passar em revista a complicada história comum e também olhar adiante", antecipou Rhodes.
"Queremos chegar a todos os cubanos, os da Ilha e também aos integrantes da comunidade cubano-americana", detalhou.
O presidente americano quer fazer um balanço "da muito complicada história entre os dois países, mas também mostrar como observamos o futuro desta relação".
Acompanhado da família, Obama chegará a Cuba na tarde de domingo e, em seguida, fará um passeio por Havana Velha, junto com o cardeal católico Jaime Ortega, arcebispo de Havana.
A visita oficial começa na segunda-feira (21), com um encontro bilateral entre Obama e o presidente cubano, Raúl Castro. Durante a tarde, o líder americano participará de uma série de debates sobre iniciativa privada, com microempresários cubanos e americanos.
Na noite de segunda-feira, Obama e Castro - acompanhados de seus familiares e delegações - participarão de um jantar no Palácio da Revolução.
Obama se reunirá na terça-feira (22) com representantes da sociedade civil cubana, incluindo dissidentes.
"Fui convidada para essa reunião", disse à AFP em Havana a líder do grupo Damas de Branco, Berta Soler.
Também confirmaram o convite por parte do governo americano a uma "reunião de alto nível" os dissidentes Manuel Cuesta Morúa, José Daniel Ferrer, Guillermo Fariñas e Miriam Leiva.
Berta Soler disse, porém, que "é muito cedo" para confirmar que irá ao encontro com Obama, depois de se recusar a comparecer a uma reunião similar com o secretário de Estado americano, John Kerry, em agosto passado.
No final deste dia, Obama assistirá a uma partida de beisebol entre a seleção cubana e o time do Tampa Bay Rays. Como lembrou Rhodes, os dois países "compartilham o amor pelo beisebol".
Uma das negociações entre Washington e Havana se concentra na possibilidade de que jogadores cubanos possam jogar e receber salário em equipes americanas sem, necessariamente, emigrar.
Na capital cubana, a mulher de Obama, Michelle, vai-se encontrar com estudantes do Ensino Médio, informou Rhodes.
Nesses encontros, a primeira-dama americana levará aos estudantes cubanos perguntas "formuladas por alunos de escolas americanas sobre formas de aprofundar a cooperação entre os dois países".
Ao fim da visita oficial a Cuba, Obama e sua delegação seguem para Buenos Aires. Lá, o presidente americano vai-se reunir com seu colega Mauricio Macri.
Na capital argentina, Obama "honrará a memória das vítimas da guerra suja e daqueles que defenderam os direitos humanos nesse período", descreveu Mark Feierstein, responsável pelo Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional.
Além da visita com Macri, Obama deve se reunir com jovens argentinos, e está prevista uma viagem com sua família para Bariloche, na zona andina, "para uma visita a uma das regiões mais espetaculares" do país, de acordo com Feierstein.