Indígenas de 19 comunidades ianomâmi da Amazônia brasileira mostram sinais de contaminação por mercúrio, informou a ONG Survival, em uma região onde a mineração ilegal faz estragos nos recursos naturais.
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"Noventa por cento dos moradores originários destas comunidades estão seriamente afetados pela presença do metal em seu organismo", explica a Survival em uma publicação em sua página na internet, citando um estudo realizado pela Fiocruz, a Associação Ianomami Hutukara, o Instituto Socioambiental e a Associação Yekuana, todas vinculadas à saúde e à defesa do meio ambiente.
"Garimpeiros ilegais que operam em território ianomami estão contaminando os rios dos indígenas com o mercúrio usado durante o processo de extração. O mercúrio entra na cadeia alimentar através das águas do rio que os ianomâmis bebem e dos peixes que constituem parte fundamental de sua dieta", acrescentou a Survival.
Segundo a ONG, estas evidências foram apresentadas pelo xamã Davi Kopenawa à relatora especial de direitos humanos dos povos indígenas da ONU, Victoria Tauli-Corpuz.
Os ianomâmi - uma etnia relativamente isolada - constituem uma população total de 30.000 pessoas, que habitam nas regiões brasileiras da Amazônia e de Roraima (norte) e no sul da Venezuela.
A mineração ilegal castiga vários territórios amazônicos sul-americanos, uma atividade que caminha de mãos dadas com o desmatamento. No Peru, o ministério da Cultura denunciou no começo de março que uma comunidade da etnia nahua também sofria de contaminação por mercúrio.
A presença de mercúrio no sangue pode afetar órgãos vitais como pulmões e rins. Segundo a Organização Mundial da Saúde, é um dos dez elementos especialmente problemáticos para a saúde.