Um recrutador de jovens para ir do subúrbio bruxelense de Molenbeek à Síria, Khalid Zerkani, passou a ser considerado uma figura-chave na formação das redes extremistas que estiveram por trás dos atentados de Paris e Bruxelas.
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Barbudo e calvo, Khalid Zerkani, de 42 anos, que está preso na Bélgica, nega as acusações e recorreu de uma condenação de 12 anos de prisão.
Considera-se que sua influência foi importante em membros da rede extremista que cometeu os atentados que deixaram 130 mortos em Paris em novembro e pelo menos 31 nesta semana em Bruxelas.
"Zerkani perverteu toda uma geração, em particular no bairro Marítimo de Molenbeek", afirmou o procurador Bernard Michel em fevereiro, durante o julgamento da apelação, cuja decisão será conhecida em meados de abril.
O procurador também pediu a condenação a cinco anos de prisão e o descreveu como "o maior recrutador de candidatos à jihad que já houve na Bélgica".
"Era um recrutador ativo (...). Inclusive na prisão estimulava outros presos a abraçar a causa da jihad", acrescentou Michel.
Só 13 dos trinta acusados estavam presentes nesse julgamento em fevereiro. Supõem-se que os restantes morreram na Síria ou se desconhece o seu paradeiro.
Zerkani, a quem também se chamava de 'Abu Riad', nasceu em 23 de setembro em Zinata (Marrocos). A polícia o prendeu em 2014, após anos de recrutamento em Molenbeek de radicais dispostos a ir para a Síria.
Agora as autoridades pensam que a Bélgica é o país que mais enviou extremistas à Síria (proporcionalmente à sua população) e foi seu principal recrutador até sua prisão em 2014.
Segundo pessoas que o conheceram, Zerkani tinha uma forte influência sobre seus jovens recrutas.
"É o emir, o líder", explicou um suspeito, identificado como Yacine E., aos investigadores, segundo declarações reveladas pelo jornal belga La Derniere Heure.
"Para Zerkani, o islã requer a jihad, e a jihad armada é sua forma mais elevada", acrescentou.
Entre os jovens supostamente recrutados por Zerkani está o belgo-marroquino Abdelhamid Abaaoud, que teria cumprido um papel central nos atentados de Paris, antes de ser ultimado em uma operação policial em um subúrbio da capital francesa.
Outro recrutado seria Reda Kriket, de 34 anos, detido na França na quinta-feira, antes de conduzir a polícia a um apartamento de Argenteuil, subúrbio de Paris, em que se descobriu uma pequena quantidade de explosivos. O governo francês afirma que preparava um novo atentado.
A eles se soma Najim Laachraoui, de 24 anos, que se explodiu no aeroporto de Bruxelas na terça-feira.