Terror

Talibãs reivindicam atentado que matou 72 pessoas no Paquistão

Em meio ao caos, equipes de emergência e voluntários tentavam auxiliar os feridos

Da ABr
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Publicado em 28/03/2016 às 7:07
Foto: ARIF ALI / AFP
Em meio ao caos, equipes de emergência e voluntários tentavam auxiliar os feridos - FOTO: Foto: ARIF ALI / AFP
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Ao menos 72 pessoas, incluindo várias crianças, morreram em um atentado suicida cometido no domingo à noite por um grupo talibã em um parque da cidade de Lahore, leste do Paquistão, onde cristão celebravam a Páscoa. "Executamos o ataque de Lahore e os cristãos eram o nosso alvo", afirmou Ehsanullah Ehsan, porta-voz da facção Jamaat-ul-Ahrar, antes de prometer mais ataques contra escolas e universidades.

O balanço atualizado do ataque registra 72 mortes, anunciou nesta segunda-feira o chefe adjunto de polícia, Haider Ashraf. "O homem-bomba detonou os explosivos perto da área das crianças, onde elas brincavam nos balanços", afirmou à AFP Mohammad Usman, alto funcionário do governo de Lahore, Mohammad Usman, que também mencionou mais de 200 pessoa feridas.

Ashraf disse que muitas vítimas são muçulmanas. A explosão aconteceu no parque Gulshan-e-Iqbal, perto do centro da cidade. "Foi uma explosão muito forte, utilizaram explosivos muito potentes", declarou Ashraf, que também citou bolas metálicas usadas no ataque.

Em meio ao caos, equipes de emergência e voluntários tentavam auxiliar os feridos. "Não encontro minha irmã. Meu filho voltou para casa, mas não consigo encontrar minha irmã, nem a minha sobrinha", afirmou, desesperada, Amina Bibi.

Um médico que se identificou apenas como Ashraf descreveu cenas de horror no hospital Jinnah. 

"Estamos atendendo os feridos no chão e nos corredores. E continuam chegando", disse.

As autoridades fizeram pedidos de doação de sangue à população.

O primeiro-ministro Nawaz Sharif condenou o atentado. Três dias de luto foram decretados na província de Punjab, que tem Lahore como capital.

A jovem paquistanesa Malala Yousafzaï, vencedora do Nobel da Paz, afirmou estar "abatida com a matança sem sentido".

O governo dos Estados Unidos também condenou o ataque "covarde" e a França reiterou a ambição de "seguir combatendo o terrorismo em todo o mundo".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que "os autores deste espantoso ato de terrorismo sejam levados rapidamente à justiça".

"Este massacre horrível de dezenas de inocentes projeta uma sombra de tristeza e angústia sobre a festa de Páscoa", afirmou o Vaticano.

- "Muitos cristãos" -

O parque Gulshan-e-Iqbal de Lahore, uma cidade de 10 milhões de habitantes, estava especialmente lotado no domingo, quando a comunidade cristã celebrava o domingo de Páscoa.

Javed Ali, residente de Lahore, 35 anos, cuja casa está situada diante da entrada do parque, disse à AFP que escutou "uma enorme explosão que destruiu as vidraças" de sua residência. "Tudo tremeu, as pessoas gritavam e havia poeira e fumaça por todas as partes".

"Saí 10 minutos depois. Havia pedaços de corpos nos muros da nossa casa. As pessoas choravam e escutávamos as sirenes".

Segundo Ali, o parque "estava repleto de gente devido à Páscoa, muitos cristãos, tinha tanta gente que falei para minha família não ir até lá".

No Paquistão, grupos islamitas armados atacam com frequência a minoria cristã, que representa cerca de 2% da população deste país muçulmano, predominantemente sunita, de 200 milhões de habitantes.

Dois atentados suicidas cometidos pelos talibãs contra uma igreja em Lahore deixaram 17 mortos em março de 2015.

- Caos em Islamabad -

Mais cedo foram registrados confrontos na capital Islamabad e na cidade de Rawalpindi. 

A polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar quase 25.000 partidários de Mumtaz Qadri, um islamita executado no mês passado por matar em 2011 o governador de Punjab, Salman Taseer, que protestavam em Rawalpindi.

O exército foi mobilizado na capital para "controlar" a situação e garantir a segurança na área ao redor do Parlamento, onde os manifestantes se reuniram durante à noite.

A execução em 29 de fevereiro de Mumtaz Qadri, policial que matou em 2011 o governador Salman Taseer, foi considerado um momento chave na luta contra o extremismo religioso, mas a morte irritou muitas correntes islâmicas, que protestaram durante o sepultamento de Qadri.

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