O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, rebateu críticas nesta segunda-feira (11) ao dizer que foi vítima de alegações perniciosas e falsas sobre os investimentos de seu falecido pai. O caso veio a público em meio ao vazamento de documentos do caso chamado de "Panama Papers".
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Em uma tentativa de restaurar sua abalada reputação, Cameron insistiu que "a aspiração e a criação de riqueza não são de nenhum modo palavras sujas" e disse que o Reino Unido age para impedir a evasão de dinheiro para paraísos fiscais.
Cameron tem sido pressionado desde que seu pai, Ian Cameron (1932-2010), foi identificado como cliente de um escritório de advocacia panamenho, Mossack Fonseca, especializado em reduzir a carga tributária dos riscos. O primeiro-ministro inicialmente se recusou a dizer se ele tinha uma participação na Blairmore Holdings, uma companhia offshore estabelecida pelo seu pai, antes de admitir que tinha vendido suas próprias ações pouco antes de ser eleito, em 2010.
"Eu aceito todas as críticas por não ter respondido mais rapidamente a essas questões na semana passada", disse Cameron na Câmara dos Comuns. "Mas, como disse, eu fiquei bravo com a maneira como a memória de meu pai estava sendo difamada."
Cameron afirmou que seu pai estabeleceu um fundo de investimentos no exterior com a intenção de negociar com ativos em dólar - "uma prática totalmente padrão e isso não foi para evitar impostos". Ele disse que milhões de britânicos tinham investimentos em fundos desse tipo, por meio de suas pensões. O premiê avaliou que "houve algumas alegações profundamente dolorosas e mentirosas contra meu pai".
Revelações sobre as finanças da família Cameron - encontradas entre os mais de 11 milhões de documentos do escritório de advocacia Mossack Fonseca - lançaram uma sombra sobre a alegação do governo de que está comprometido a reparar brechas para evitar a evasão fiscal.
Cameron tem defendido uma maior transparência financeira e deve participar de um encontro sobre o combate à corrupção em Londres no próximo mês. Uma lei que exige que as companhias britânicas informem quem realmente se beneficia do controle delas entrou em vigor em janeiro.
O premiê aparentemente foi pego com a guarda baixa no caso. O escritório dele inicialmente insistiu que sua vida financeira eram assunto privado, antes de admitir que Cameron e sua mulher tinham vendido cerca de 30 mil libras (US$ 44 mil) em ações do fundo offshore pouco antes de ele se tornar primeiro-ministro, em 2010, para evitar qualquer potencial conflito de interesse.
No domingo, Cameron publicou um resumo de suas declarações tributárias desde 2009, tornando-se o primeiro líder britânico a fazê-lo. Os registros mostraram, porém, que o premiê deu um presente para sua mãe de mais de 200 mil libras, pelo qual Cameron - legalmente - não pagou impostos.
O premiê disse que a publicação de suas declarações de impostos foi algo "sem precedentes". Segundo ele, outros que aspiram a ser premiês ou ministros das Finanças deveriam fazer o mesmo. Para o líder, porém, obrigar todos os legisladores a fazer o mesmo seria "um passo muito grande" que ele não recomendaria.
O secretário do Tesouro, George Osborne, e o líder oposicionista Jeremy Corbyn publicaram ambos detalhes sobre suas declarações de impostos nesta segunda-feira, bem como o prefeito de Londres, Boris Johnson.
O caso poderia ter repercussões para a votação popular de 23 de junho sobre se o Reino Unido seguirá ou não na União Europeia. Cameron defende a manutenção do país no bloco, porém o desgaste dele poderia minar a campanha.