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Otan e Rússia retomam contatos oficiais apesar de divergências

Os 28 embaixadores dos membros da Otan e seu colega russo se reuniram durante quase três horas na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas

Da AFP
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Publicado em 20/04/2016 às 13:57
Foto: Laurent Dubrule/EPA/Agência Lusa
Os 28 embaixadores dos membros da Otan e seu colega russo se reuniram durante quase três horas na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas - FOTO: Foto: Laurent Dubrule/EPA/Agência Lusa
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A Otan e a Rússia, que congelaram os contatos devido à crise na Ucrânia, tiveram nesta quarta-feira (20) uma conversa "franca e séria" em um primeiro encontro desde 2014, apesar das divergências profundas.

Os 28 embaixadores dos membros da Otan e seu colega russo se reuniram durante quase três horas na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas, retomando, assim, os encontros oficiais do Conselho Otan-Rússia.

Esta instância não realizava encontros desde junho de 2014, quando a Otan decidiu suspender toda a "cooperação prática" com a Rússia em protesto pela anexação da Crimeia e pelo apoio de Moscou aos rebeldes ucranianos do leste do país.

"Acredito que tivemos uma franca, séria e na realidade boa reunião", disse o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, ao informar a imprensa sobre o encontro

"Os aliados da Otan e a Rússia têm diferentes pontos de vista, mas ouvimos o que todos queriam dizer", acrescentou.

A Otan e a Rússia mantiveram suas "profundas divergências em relação à crise na Ucrânia", disse Stoltenberg, acrescentando que tanto a Rússia quanto a Otan concordaram na importância dos acordos de paz de Minsk.

Por sua vez, o embaixador russo na Otan, Alexander Grushko, indicou à imprensa que preferia analisar os resultados da reunião e estudar os argumentos dos Aliados, antes de pensar em organizar um novo encontro do Conselho.

As duas partes falaram sobre os incidentes da semana passada com aviões russos que voaram perto de um destróier missilístico americano no mar Báltico, assim como a interceptação "perigosa e não profissional" por um caça russo de um avião de reconhecimento americano no espaço aéreo internacional sobre o mar Báltico.

O embaixador russo denunciou as "tentativas de exercer uma pressão militar sobre a Rússia" perto do enclave russo de Kaliningrado. "É possível imaginar um destróier equipado com mísseis de um alcance de 2.500 km, talvez nucleares, navegando em algum lugar da baía de Nova York?", perguntou Grushko para justificar a reação da Força Aérea russa.

Estes incidentes, havia afirmado Stoltenberg, "ressaltam a importância de abrir linhas de comunicação em nível militar para a redução de riscos".

Sobre este ponto, Stoltenberg disse à imprensa que houve "um intercâmbio franco em particular no que se refere à transparência e previsibilidade e à importância da redução de riscos mantendo abertas nossas linhas de comunicação militares" para evitar estes incidentes.

O medo de que um "incidente" entre as forças militares das duas partes degenere a um nível maior preocupa diferentes capitais, como foi o caso quando em novembro um caça-bombardeiro russo foi derrubado nos limites da fronteira com a Síria pela Turquia, integrante da Otan, que acusou Moscou de ter violado seu espaço aéreo.

Desde a crise na Ucrânia, a Rússia aumentou os voos de aviões estratégicos nos limites do espaço aéreo da Otan, no Atlântico Norte e no Mar do Norte, mantendo os aviões da Aliança em alerta máximo.

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