EUROPA

Tratado de livre comércio entre UE e EUA, um pacto que enfrenta obstáculos

Os Estados Unidos e a União Europeia trabalham desde 2013 neste vasto acordo

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 25/04/2016 às 13:00
FOTO: MICHAEL KAPPELER / POOL / AFP
Os Estados Unidos e a União Europeia trabalham desde 2013 neste vasto acordo - FOTO: FOTO: MICHAEL KAPPELER / POOL / AFP
Leitura:

O presidente Barack Obama defendeu no domingo (24) o avanço do tratado de livre comércio atualmente em negociação com a União Europeia (UE), apesar das críticas generalizadas que o acordo desperta.

"Angela Merkel e eu estamos de acordo em dizer que os Estados Unidos e a União Europeia precisam continuar avançando com a Associação Transatlântica para o Comércio e Investimento (conhecido como TTIP, na sigla em inglês)", declarou Obama durante uma coletiva de imprensa conjunta com a chanceler alemã.

Os Estados Unidos e a União Europeia trabalham desde 2013 neste vasto acordo, do qual começará uma 13ª rodada de negociações nesta semana, em Nova York.

O projeto suscita um questionamento cada vez maior na sociedade civil, como foi evidenciado pela manifestação de dezenas de milhares de manifestantes nas ruas de Hanover no sábado.

As negociações sobre o TTIP encontram-se presas por fortes divergências entre as duas partes, alimentadas por um ceticismo crescente das opiniões tanto nos Estados Unidos como na Europa.

Conheça um pouco o que é este tratado.

O que é o TTIP?

A Associação Transatlântica para o Comércio e o Investimento (TTIP) é um vasto acordo comercial que está em negociações desde 2013. Tem por objetivo eliminar barreiras comerciais entre a UE e os Estados Unidos, e reduzir os obstáculos nos intercâmbios de bens e serviços entre os dois sócios.

As negociações foram realizadas em sigilo, uma opacidade denunciada por muitos setores da sociedade civil.

Segundo o Centro de Investigação Política e Econômica (CEPR), o acordo permitiria lucros de 120 bilhões para a Europa e de 95 bilhões para os Estados Unidos.

Por que Obama quer acelerar as negociações?

Para o presidente americano, Barack Obama, o tempo é curto se quiser selar o pacto antes de finalizar seu mandato na Casa Branca, em janeiro de 2017, num momento em que na campanha inclusive os candidatos democratas criticaram o projeto.

Desde sua chegada à Alemanha, Obama fez apelos para que o acordo seja alcançado rapidamente.

"Se não terminarmos as negociações neste ano, com as transições políticas que vêm nos Estados Unidos e na Europa, isso pode significar que o acordo não seja concluído em um bom momento", disse após se reunir com Angela Merkel.

Do lado de Bruxelas, a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmstrom, havia expressado que as eleições nos Estados Unidos não deveriam deter a negociação.

Quem seriam os beneficiários do TTIP?

A Alemanha, primeira economia mundial, seria uma das grandes beneficiadas do acordo por sua grande capacidade como exportadora.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, se mostrou muito partidário do acordo, enquanto a França é mais reticente e o secretário de Comércio Exterior da França, Matthias Fekl, lamentou no domingo que nenhuma das posturas defendidas por seu país tenha sido levada em conta até agora.

Quais são os obstáculos que enfrenta na Europa?

A sociedade civil se mobiliza há meses contra o TTIP, denunciando a opacidade das negociações e suas possíveis consequências para o setor agrícola e o meio ambiente.

No sábado dezenas de milhares de pessoas protestaram em Hannover. Os principais temores apontam para o setor dos serviços, a regulação financeira e a denominação de origem.

E nos Estados Unidos?

Nos Estados Unidos o projeto foi duramente criticado durante a campanha presidencial, na qual em geral os acordos comerciais foram apontados como responsáveis pela desindustrialização do país.

Donald Trump, que lidera as primárias republicanas, o converteu em um de seus cavalos de batalha, enquanto no campo democrata Hillary Clinton também se expressou contrária, sob pressão de seu oponente Bernie Sanders, com um discurso mais próximo à esquerda.

A candidata disse que muitas vezes os acordos de livre comércio "pareciam fantásticos no papel", mas que seus resultados nem sempre estavam "à altura".

Qual é a percepção sobre outros acordos?

Os candidatos às primárias não apenas se referiram a este acordo especificamente. Hillary se declarou recentemente contra o Acordo Transpacífico de Livre Comércio (TPP) assinado com 11 países da região Ásia-Pacífico, que busca criar a maior zona de livre comércio do mundo.

Sanders foi mais longe e disse que estes acordos são "um desastre para os trabalhadores americanos".

No campo republicano, Trump prometeu medidas protecionistas contra China e México, o que equivale a questionar o tratado de livre comércio da América do Norte assinado em 1994 por Bill Clinton.

Últimas notícias